Será que não estaremos a caminhar para um individualismo excessivo? Como me posso relacionar bem comigo, ao mesmo tempo que crio relações saudáveis com os outros?
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2014
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Tal como devemos ingerir alimentos saudáveis para que o nosso corpo funcione na perfeição, é fundamental que o façamos também connosco. Nutrir-nos não significa esquecer que os outros existem, nem tão pouco abandonar as nossas responsabilidades. Muito menos desiludir quem gosta de nós. Nutrir-nos vai para lá de tudo isso. É estarmos atentos ao que nos dá energia e ao que nos consome. Uma planta não cresce se ao seu lado permanecerem ervas daninhas.
Podemos viver a vida toda dedicados aos outros e isso ser para nós fonte de realização. Não há só um modelo de nutrição. Agora, se nos sentimos desvitalizados, infelizes e cansados, alguma coisa não está bem. Então, servir deixa de ser uma missão, para ser um sacrifício, E é nesse ponto que devemos atuar. Cuidar de nós, significa darmos nome a tudo o que nos tira o entusiasmo, para podermos então limpar o nosso jardim. Na prática, pode significar termos de nos preparar para colocar pontos finais em algumas amizades. Ou remodela-as. Nutrir-nos é pois uma forma de nos permitirmos respirar, sem deixarmos propriamente de ser quem somos.
Eu com os outros: Cuidar dos bons amigos
Durante o nosso processo de reflexão, pode acontecer precisarmos de isolamento para que possamos ouvir-nos mais profundamente. Os amigos compreenderão a nossa ausência. Quem não o for tanto assim, talvez se afaste. Seja como for, uma decisão de retiro voluntário da vida social, com aviso prévio, tem as suas consequências. Devemos dosear estas fases, sobretudo quando estamos a falar de amigos verdadeiros. Não podemos contar com a eterna compreensão deles, pois, como amigos que também somos, não devemos falhar em momentos que para eles sejam importantes. Tudo na vida requer equilíbrio, pelo que convém não termos a mesma atitude com toda a gente.
Reconhecer os amigos verdadeiros é pois definirmos quem queremos ter na nossa vida, quem nos faz bem, com quem podemos crescer e aprender. Quem está lá para nós, do mesmo modo que sabemos retribuir. Com quem rimos, mas também com quem choramos. Sobretudo, com quem nos respeita.
“Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”. Diz o povo e com muita razão. Quem escolhemos para amigos, serão certamente o nosso espelho. O que não quer dizer que não possam existir outras pessoas que, por dever ou compaixão, resolvemos manter por perto. O desafio é apenas definir até onde podemos ir com elas. Ao aprendermos a definir limites, podemos dar-nos com todo o tipo de pessoas, ganhando nas interações, sem nos arrastarmos para terrenos escorregadios.
O que podemos então fazer para alimentar boas relações sem nos perdermos de nós mesmos?
Sugirimos 6 passos básicos:
1- Não faça fretes. Tente fazer o que realmente quer fazer e não esteja com quem o entedia. Nem sempre é possível, mas as cedências deverão ser ocasionais e nunca permanentes.
2- Organize jantares com as pessoas de quem gosta. Se possível, ofereça em sua casa, mantenha-a viva com aqueles que lhe fazem bem. Ou então fora, num pic nic. Partilhar uma refeição é sempre um momento descontraído.
3- Estabeleça os seus limites. Facilita a convivência, torna clara a relação e fica livre de engolir “sapos indigestos”.
4. Cultive as amizades dia a dia. Uma mensagem, um telefonema, um gesto para se lembrar que os outros existem.
5. Estar atento a momentos importantes da vida dos amigos. Um amigo presente vale ouro.
6. Procurar o equilíbrio nas amizades. As relações devem ser dinâmicas. Umas vezes dou, outras vezes recebo. Se sou sempre eu a dar, sinto-me abusado. Se só recebo, corro o risco de me tornar egoísta.
Alimentar uma relação saudável exige sempre da nossa parte uma atenção aos outros, sem nos esquecermos que também nós merecemos toda a amizade, atenção e carinho do mundo. Não seremos felizes com os outros se não vivermos bem connosco. Mas jamais seremos felizes se não tivermos bons amigos ao nosso lado. Por isso, comece hoje por fazer aquele telefonema, dar aquele abraço. E prepare-se para uma vida cheia de sorrisos.