in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A Violência de ir contra a própria vontade; a Violência de ir contra a própria verdade; a Violência de se viver uma vida rotineira, contrariada e dormente, só para não falhar a um padrão imposto e condicionado; a Violência de conflitos internos e externos pela fome de distinções e de distintivos; a Violência puxada pelo vício do elogio e da sensação egoica que provoca; a Violência de não se Ser o que se quer Ser e fazer, em prol do que os outros querem que se seja e se faça; a Violência de criar limitações no campo ilimitado de possibilidades que é a Vida; a Violência de já não se saber dar tempo...a um filho, a um amigo ou simplesmente à Natureza: a Violência de não saber sequer encontrar tempo para si próprio; a Violência da rejeição constante daquilo que simplesmente é e quer ser, no momento presente; a Violência de se insistir ser escravo dentro de um espírito que é livre; a Violência de escolher viver prisioneiro, dentro de uma cabeça que nunca pára; a Violência de viver ausente do presente, com a cabeça presa a um passado que já foi ou a um futuro que ainda não existe; a Violência de não se permitir simplesmente Ser e sentir.
Imbuídos numa sociedade robot, parece termos esquecido o que é ser natural, o que é sentir ou sorrir livremente, sem quês nem porquês.
Desfrutar mais da Vida que somos, tornou-se uma conquista quando deveria ser um estado natural. Muitas ainda são as caras forçadas, em pessoas a viver em esforço, onde o sorriso esboçado à superfície se dilui para dentro, na verdade de uma angústia que flui até ao peito e se aloja lá em camadas. Uma forma de Violência silenciosa que pesa, sufoca, mal deixa respirar, mas que pode ser resolvida, se cada um decidir não se afastar de si próprio.
Violência: mais do que ausência de Paz é ausência de Consciência. Toda a gente quer e procura viver numa felicidade permanente, sendo incentivada desde sempre pela sociedade a rejeitar tudo aquilo que seja conotado como menos bonito, prazeroso ou agradável – como se a condição humana não fosse já ela própria dual. A dualidade do nosso dia-a-dia também ela é sagrada à nossa existência, lembra-nos sempre a VIDA que SOMOS e aquela que em forma de emoções, sentimentos e pensamentos pede simplesmente para passar através de nós. Como uma corrente de ar que teima em passar pelo lado de dentro do peito, para nos fazer sentir o quão humanos somos.
Não há que fugir da vida...há sim que mergulhar nela, com ou sem medo! E eis que o caminho certo se mostra, sempre.
Contudo, a aceitação e consequente compreensão de tudo o que implique mais dificuldade, desafio e entrega, ainda é tido como uma resistência residente na vida das pessoas. Assim, o que deveria ser um processo natural de passagem pela dualidade, transformou-se também numa autêntica violência interior, através da resistência e repressão a emoções e sentimentos que invoquem sair da zona superficial de conforto, para uma descoberta e viagem interior mais profunda.
Mesmo já sabendo que a dor e as dificuldades trazem sempre uma limpeza e uma evolução boa, as pessoas ainda fogem disso. O medo de sentir a fundo é ainda muito, e muitas pessoas preferem nem saber ao certo o que isso é. Cresceram a ouvir coisas como: “não vale a pena pensar nisso”, que “ o melhor é ir às compras para esquecer”, que "uma menina a chorar fica feia" e que "um homem não chora" – e o eco disto ainda ressoa dentro de muitas cabeças de mulheres e homens, que de tudo fazem para se manterem ocupados, sem espaço para sentir, permanecendo numa busca exterior incessante de soluções, quando nem sequer param para olhar e procurar dentro.
Estar constantemente a pensar e a inventar coisas para fazer para ocupar o tempo, é um acto de fuga, uma profunda fuga de si mesmo, do que se passa dentro do peito e se rejeita assumir e sentir. Em suma, um acto disfarçado de violenta repressão.
No meio de tamanha violência de emoções reprimidas, as pessoas mal se conseguem sentir e assim conhecer-se a fundo.
Incentivadas pelo sistema a abafar, a “aguentar” o que por dentro lhes pesa e a manterem-se numa vida dormente, transportam escondido - sem saber - um tremendo potencial, que – à espera de ser descoberto e libertado - pulsa dentro de um coração, que tudo o que anseia é ser olhado por dentro, para poder voltar a ser leve.
Felizmente o Mundo está a acordar. E embora a sociedade ainda se encontre doente, fiel a padrões dormentes e superficiais, não sejamos nem contra, nem a favor da sociedade…sejamos sim para além dela. Se formos a mudança que queremos ver, a pouco e pouco, o milagre acontece. É possível trazer a diferença através da consciência, por meio de observadores atentos do meio que nos rodeia e pelo modo consciente de como escolhemos viver e interagir com esse meio.
E não interessa se as formas de Violência na nossa vida já foram muitas ou poucas, porque não é a nossa história que nos define, mas sim aquilo que Somos!
TERAPEUTA
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