Por Daniel Santos
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Só assim sou mais autêntico e mais feliz.
Que a pandemia nos permita dar o salto do eu individual para o coletivo e faça surgir uma espiritualidade renovada.
Tenho experiência pessoal deste exercício, pois a minha paralisia cerebral, devido a um parto demorado há 52 anos, me fez sentir desde cedo a necessidade de conhecer-me melhor, de conhecer melhor os outros, de tornar-me uma pessoa mais solidária e de ser mais feliz. Por volta dos 6 anos, início a escola primária, surgiu a consciência de que não me podia identificar apenas com a minha experiência, mas através dela, podia entender toda a experiência humana. O coletivo dava resposta ao meu eu individual e a minha individualidade dava resposta ao coletivo, numa consciência de amor que me libertava do ego. Nesta busca do sentido da vida, nunca deixei de sonhar e de criar. Nesse caminho e desde muito cedo, tive como grande mestre Jesus Cristo. Através dele encontrei resposta para três questões fundamentais: a existência da morte, a causa da minha deficiência e, por fim, a de Deus não poder ser apenas uma resposta para a minha necessidade pessoal, mas, além de mim, ser uma resposta para todos nós.
Citei a minha experiência pessoal e espiritual, porque estou convencido de que o meu percurso e o modo de enfrentarmos esta pandemia possa ser idêntico.
É uma situação nova, nunca imaginada, que nos pede que percorramos caminhos diferentes. Nem sempre conseguimos encontrar esses novos caminhos que nos são impostos pelas mudanças na nossa vida. As nossas crenças limitam-nos nessa evolução, sendo vital passar por momentos de reflexão em que nós próprios nos conseguimos libertar, por via de competências próprias, que muitas das vezes não acreditamos ter,pois, estão ocultas e não temos consciência delas. Mas, a certa altura, pode surgir a necessidade de as procurar para as podermos utilizar na nossa vida, o que nos permite uma maior motivação, coragem e felicidade.
Sendo o desafio proposto o de, muito além do nosso eu, encontrarmos sentido no eu coletivo, cada um de nós tem de fazer a sua parte individual ao serviço de todos, o que no panorama desta pandemia pode ser simplesmente acatar humildemente as novas condições. Se não podemos estar ativos, na linha da frente, tomemos consciência de que a nossa grande ajuda pode ser ficar em casa, uma atitude com base na consciência de que somos indivíduos a partir do coletivo e que nos permita evoluir do eu para o Nós.
A outra vertente é o desenvolvimento de uma espiritualidade, algo que nos transcenda.
A palavra Deus foi esvaziada do seu sentido ao longo de milhares de anos de utilização banal e tornou-se um conceito fechado. Quando se pronuncia a palavra, cria-se uma imagem mental a partido do ser de cada um.
Pessoalmente experimento a forma de um Deus mistério, que faz de mim um mistério de mim mesmo. Neste sentido, vejo-me fazendo parte de uma essência, que se manifesta numa experiência existencial.
Para se entender melhor, vou usar uma analogia: digamos que a minha experiência se chama dedo. Quando penetro no fundo, de mim, continuo a ser dedo, mas mais do que isso sou a mão, de que o meu dedo faz parte. Sem a mão, o meu dedo não sobreviveria. Todos somos dedo e Mão. A essa Mão, a essência, uns chamam Deus, outros Amor, outros Universo.
Nunca se falou tanto em realizar sonhos, mas dentro de uma visão focada na eficácia, em detrimento da Grandeza, que eleva a nossa divindade e que nos permite que, dentro da nossa condição humana, sejamos mais que criaturas e passemos a ser cocriadores com a divindade. É deste modo que, através do potencial de observação interior, descobrimos uma sabedoria que vem de dentro de nós.
Apesar da solidão que muitos poderão sentir, ficar em casa pode ser ocasião para o grande encontro interior que o mundo precisa seja feito.
Jamais podia imaginar, que fosse preciso passar por este momento para crescermos. Mas já que vivemos esta circunstância, vamos vivê-la o melhor possível fazendo com que a pandemia possa ser o despertar mais humano da nossa humanidade e da consciência de que o essencial da vida está na palma da nossa mão.
O benefício desta pandemia pode ser tomar consciência da “Mão”, da essência e da sua união indissolúvel com cada um de nós-Estamos todos juntos. Somos uma unidade.
Acredito que seremos tanto mais felizes quanto mais consciência tivermos de nós mesmos. Em última análise, tudo faz parte desse mistério incrível que somos. Mas sem nunca perder de vista que eu nada seria sem Nós.
COACH
www.danielsantoscoach.com
www.youtube.com/channel/UCDqsXUsPHKqzl4JS9TT_u-w/videos
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)