in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Respire.
Imagine-se num cadeirão reconfortante. Aproveite o tempo que reservou para si, para ficar em silêncio. Leve a atenção à sua respiração. Permita que esta aconteça naturalmente como é.
Agora imagine uma partitura de uma agradável melodia.
Respire.
Pode até não entender nada de claves de Sol, bemoles ou colcheias, mas imagine-se a ouvir uma daquelas agradáveis músicas onde a respiração e o seu coração abrandam. Deixe-se ficar assim por alguns minutos, simplesmente a aceder a todo esse bem estar que começa a sentir. Respire tranquilamente, sem forçar.
Leve agora a sua atenção à forma como todos esses sons se ligam entre si. Como em alguns momentos parece que desce uns patamares até ao interior de uma gruta e noutros, sobe até ao topo de uma montanha!
Repare como há momentos onde surgem sons completamente novos e momentos onde os sons se repetem!
Quando são sons novos, o que sente? Estranheza, admiração, o coração acelera ?! e quando se repetem? Desagrado, conforto, já cantarola em comunhão?!
Repare nos silêncios da melodia. Nos espaços de tempo em que parece nada se ouvir. Repare agora quando os sons parecem não terminar.
Se a melodia que escolheu é composta por diversos instrumentos, repare em todos. Um de cada vez. Procure identificá-los. Sem os julgar, ou seja, sem emitir agrado ou desagrado. E respire.
Este momento durará o tempo que quiser. Na verdade, é a sua melodia. A escolha é sempre sua. Mesmo até quando parece que a melodia o controla a si, recorde-se que a escolha é sua. É maestro da sua melodia.
Leve por fim a atenção ao seu corpo e despeça-se desse momento único que acabou de viver. Agora é tempo de voltar à Vida que a liga aos outros.
Respire.”
Estará a questionar-se que relação podemos estabelecer entre esta viagem e dissonância. Pois bem,pretendíamos que vivenciasse um momento de consonância, de harmonia, em oposição à dissonância.
Viver em dissonância é viver em sofrimento. É viver em conflito interno entre o pensar, sentir e agir. Quantas vezes se deu conta de sentir determinada emoção e escondê-la, até de si? Provavelmente nessa altura passou a pensar e a agir sem levar em conta essa emoção e o resultado disso trouxe-lhe desconforto. Quantas vezes agiu por impulso ou reacção devido a determinada emoção ou pensamento, que como uma flecha condicionou o seu momento? Estamos seguros que neste momento surgem no seu pensamento inúmeros exemplos disso.
Todos os dias lidamos com pessoas com um raciocínio brilhante mas nada materializam, na verdade vivem numa ilusão mental. Há também aquelas que vivem a Vida com tanta emoção que se perdem pelo caminho, onde não há clareza mental nem foco na acção. Ou as que estão sempre em movimento, que não se permitem parar para pensar e sentir de modo a fazerem escolhas mais adequadas à sua Vida.
Na realidade todos somos regularmente desafiados para momentos de dissonância. A rapidez dos dias de hoje, as inúmeras tarefas e objectivos que diariamente colocamos retiram-nos do nosso equilíbrio natural, da consonância.
Como percebemos pensar, sentir e agir são três pilares fundamentais em nós. O nosso bem estar dependerá do equilíbrio entre eles. Significa em primeiro lugar que somos pessoas internamente completas quando possuímos pensamentos, emoções e acções. E no decorrer disso, quando agimos em direcção a algo fazêmo-lo em respeito pelo que sentimos e pensamos.
A viagem que propusemos no início desta partilha, vem recordar-nos que a Vida é uma melodia. Composta por diferentes sons, ritmos, ciclos e silêncios por vezes interrompidos pelo caos. A harmonia pode estar sempre presente. Dependerá do nosso equilíbrio, da nossa observação, da nossa escolha. Independentemente da melodia da Vida, a dissonância é uma opção.
PSICOTERAPEUTA, VIA® - APRENDIZAGEM INTEGRATIVA DA VIDA,
CONSULTORA MINDFULNESS PELA EEDT. MEMBRO FUNDADOR DO CLUBE UNESCO-KIRON, TERAPEUTA DA EPHESUS THERAPEUTIKUM, PORTUGAL
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in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2018
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