Por Yolanda Castillo
in REVISTA PROGREDIR | FEVREIRO 2017
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Esta é uma grande questão: Como nos relacionamos com nós mesmos? Amamo-nos? Respeitamo-nos? Aceitamo-nos assim como somos? Tratamo-nos com honestidade?
A base de toda a relação fundamenta-se em como nos relacionamos com nós mesmos. Em muitos casos, esta relação com o nosso “Eu”, passa despercebida e tentamos construir as relações com base em estereótipos criados socialmente. E aqui, sobre este fio tão fino e delicado, que iniciamos as bases das relações. Mas esquecemo-nos que antes de tudo temos que aprender a relacionarmo-nos com nós mesmos sem julgamentos mas sim amando-nos e estando presentes.
Porque é tão importante o modo como nos relacionamos com nós mesmos?
Quando de forma instintiva procuramos uma relação, seja ela amorosa, laboral ou de amizade, fazemo-lo com base naquilo que somos e de como nos sentimos. Assim, o “outro” converte-se no nosso espelho, no qual depositamos umas expectativas.
Se nos relacionamos de forma saudável, este “espelho”, nos mostrará uma aprendizagem e uma relação positiva e construtiva para ambos.
Em contrapartida, quando a relação com nós mesmos está construída sem equilíbrio e é carente de respeito, confiança e comunicação, relacionamo-nos com os outros duma forma desequilibrada e no espelho surgem emoções prejudiciais como o medo, a necessidade de controlo ou os ciúmes.
Quase sempre, quando ouvimos alguém falar sobre relações, surgem expressões do género: “eu sou ciumento, não há nada a fazer” ou “se há ciúmes é sinal que me quer”. Resumidamente, parece que na atualidade quando ouvimos falar sobre algum tipo de relação, os ciúmes se convertem numa figura com um brilho presente e temido.
Mas na realidade o que são os ciúmes?
São uma emoção, que surge como resposta psico emocional que se ativa quando percebemos uma ameaça face a algo que achamos que é nosso, que achamos que o podemos perder.
Os seres humanos são almas livres, não pertencemos a ninguém, senão a nós mesmos. Somos o que somos com base na personalidade, princípios e crenças que adquirimos ou nas quais acreditamos, porque de algum modo nos proporcionam segurança ou conforto. Quando iniciamos uma relação com alguém, não se baseia num contrato de propriedade ou pertença, mas sim numa interação entre duas pessoas, que antes de tudo existem na sua individualidade, e que quando estão numa relação se complementam, não se anulam.
Quando os ciúmes aparecem, a pessoa que os manifesta reflete na outra pessoa, como que se de um espelho se tratasse, o seu medo, insegurança e falta de confiança, surgindo o impulso visceral de dominar e possuir a outra pessoa, porque acha que é ela quem lhe fornece essa segurança da qual necessita.
Os ciúmes são o resultado da insegurança e falta de autoconfiança. Por isso tentamos construir uma relação com base no nosso companheiro/a, tentando que preencha esse espaço daquilo que sentimos que nos falta e que ao mesmo tempo nos faz falta. A pessoa ciumenta sente dependência do outro, parece que o seu mundo, sem a presença dessa pessoa não tem sentido. A outra pessoa converte-se no seu pilar, em quem deposita as expetativas da sua felicidade e realização, porque acredita que sem ele não poderá alcança-las. A dependência e insegurança chega a ser tanta que aparece o medo. Medo de perder a outra pessoa, medo de ficar sozinho, medo de não ser capaz de viver sem ela.
Surge assim uma enorme necessidade de controlo e ciúmes. A necessidade de saber o que faz e com quem está o seu parceiro a cada instante, quem são as pessoas com as quais se relaciona (“não vá aparecer alguém melhor, e este vínculo interpessoal que existe entre nós se rompa” – este é o pensamento de muitos). Os ciúmes são descarregados na outra pessoa como uma amostra da nossa frustração por não podermos ser felizes.
Os ciúmes são uma emoção que perturba e atemoriza a pessoa que deles padece e sente que não se pode controlar, que não pode mudar e aceita que é assim e que os ciúmes formam parte da sua vida.
Os ciúmes não são um estado permanente, são uma emoção, e como toda a emoção, se realmente o desejamos, pode-se mudar e transformar, reeducando-nos e realizando trabalho emocional em nós mesmos. Compreendendo que a nossa felicidade somos nós que a criamos, relacionando-nos de forma saudável com nós mesmos, sem apegarmo-nos aos outros, mas sim construindo-nos com emoções positivas, tais como o amor-próprio, a autoestima, a segurança, a confiança e a comunicação.
Comunica-te mais contigo mesmo, ouve-te para saberes como te sentes, porque sentes ciúmes de pessoas que te rodeiam ou porque és ciumento com o teu parceiro.
As relações constroem-se com uma base de amor, regam-se com confiança, liberdade, comunicação e honestidade, sem deixar espaço para emoções tóxicas como os ciúmes, que apenas são um sinal de que algo está em desequilíbrio em nós mesmos. Permite que nas relações que manténs exista um espaço individual para cada um de nós, que nos permita “ser e estar” e que seja outro elemento que rege de forma positiva a vossa relação.
Os ciúmes não são uma forma de demonstrar que amamos a outra pessoa, mas sim um sinal de falta de amor-próprio.
TERAPEUTA HOLÍSTICA, NATUROPATA, DOULA, EDUCADORA PERINATAL, CAM
www.centro-medicina-holistica.comunidades.net
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in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2017
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