A paternidade assume uma extrema importância na educação das nossas crianças, para que possam ter uma vida emocionalmente saudável e assim desenvolverem também relações saudáveis. A saúde emocional da paternidade implica uma gestão de emoções adequada do progenitor, para que assim possa educar o seu filho saudavelmente. in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |
A paternidade está relacionada com a relação de um progenitor para com o seu filho, seja biológico ou adotado, sendo mais do que a representação de um elo, ou seja sendo mediada por um conjunto de valores, sentimentos, emoções, comportamentos entre um progenitor e o seu filho.
Uma particularidade da paternidade que tem sido muito estudada ao longo dos últimos tempos, é a denominação de paternidade sócio afetiva, onde se estudam os elos afetivos e os papéis sociais representados por um progenitor e o seu filho, além dos laços genéticos que possam existir. A paternidade está associada ao estatuto de um pai independentemente da origem do elo que tem com o seu filho.
Neste sentido, mais do que abordar os conceitos inerentes à paternidade, pretende-se abordar a sua saúde emocional, no que concerne à gestão de emoções do pai e a forma como apoia o seu filho a gerir as suas emoções através da educação, da proteção, da responsabilidade pelo seu crescimento e desenvolvimento.
Os elos genéticos ou afetivos não definem de todo as diversas dinâmicas vivenciais da paternidade, sendo que essas dinâmicas são desenvolvidas e potenciadas através da relação diária, da presença, do acompanhamento e partilha e só deste modo é possível promover a saúde emocional da paternidade, pois indivíduos com uma adequada gestão de emoções, têm uma preparação e capacidade diferentes para serem educadores emocionais.
Assim, os progenitores poderão potenciar a relação com os seus filhos e serem agentes transformadores das suas vidas, não por os criarem à sua medida, mas sim, porque são capazes de compreender, aceitar e integrar as emoções de cada um dos intervenientes desta relação, de modo a transformarem a forma como se relacionam e partilham as suas emoções.
Viver a paternidade na sua plenitude implica estar presente na vida da criança que se cria, de modo a poder acompanhar cada etapa do seu desenvolvimento e poder ser um guia orientador para as suas decisões, celebrando as suas vitórias e apoiando nas suas derrotas. Uma paternidade saudável implica por si só uma relação onde o tempo não tem limites, onde é preciso estar, para se poder sentir, viver, partilhar, pois a ausência não potencia a paternidade, esmorecendo a relação entre um progenitor e o seu filho.
Outra forma de promover a saúde emocional da paternidade é assumir e compreender que o filho é e tem uma vida diferente em relação ao seu progenitor, num tempo diferente, com vivências diferentes, sendo necessário um exercício diário de adaptação, transformação, para que se possa aceitar as diferenças de cada um e assim encontrar os pontos comuns, que serão os alicerces de uma relação segura e estável.
Ser pai em nada indica que se está a viver saudavelmente a paternidade, pois é mais do que um elo biológico, do que um papel e estatuto social e familiar, mais do que uma herança hereditária ou de nome. É a vivência de um conjunto vasto de emoções, experiências e mudanças na sua plenitude, desenvolvendo as capacidades de aceitação, adaptação e valorização pessoal e familiar.
Tanto que, por vezes, se ouve dizer que um determinado indivíduo tem um instinto paternal desenvolvido, sem que seja pai ou tenha qualquer criança ao seu cuidado e esta afirmação está relacionada com algumas dimensões da paternidade como o sentimento de proteção, de responsabilidade, de amor, carinho, dedicação a uma criança seja, por exemplo, a nível familiar e até profissional.
É tendo em consideração estes aspetos que este artigo aborda a saúde emocional da paternidade, de modo a que propicie uma reflexão a todos aqueles que são pais, que querem ser pais ou que cuidam de crianças e sentem o seu instinto paternal desenvolvido.
É preciso aprimorar a paternidade de modo a que com relações afetivas e emocionais saudáveis, se eduquem e criem crianças saudáveis, para que possam posteriormente dar continuidade a um novo sentido e significado de paternidade.
De igual modo, é necessário que os progenitores adequem a gestão das suas emoções, tendo em mente que o seu filho não é uma cópia do seu viver, mas sim uma vida diferente que tem a necessidade de cuidado e proteção para que possa demonstrar a sua individualidade e potencialidade.
RICARDO FONSECA ESCRITOR ENFERMEIRO ricardosousafonseca.pt.to in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |