Podemos ler os livros que quisermos sobre o tema, ter inúmeros relacionamentos e participar em diversos cursos. Mas as relações aprendem-se vivendo, ousando, correndo o risco de nos expormos e podermos cair. A sabedoria reside em aprender com os erros e voltar a tentar. Agora e sempre, em cada tipo de relação. Por Sofia Frazoa in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |
Por isso se diz que é com os relacionamentos amorosos que estes desafios podem surgir com mais intensidade. Porque estamos envolvidos, nos permitimos fragilizar perante o outro e assumir as mais íntimas emoções. E isto leva-nos a lidar com questões muito antigas do nosso ser e, nalguns casos, inconscientes de abandono, autoestima, valorização pessoal e sensação de ser amado e desejado.
Assim, será que só aprendemos se estivermos num relacionamento amoroso? Quem, neste momento, não tem um relacionamento amoroso está a perder aprendizagens da vida? Não.
Por um lado, porque nem todos os relacionamentos amorosos são sinónimo de entrega consciente, compromisso e profundidade, logo, de aprendizagem. Muitas vezes repetimos e voltamos a repetir os mesmos padrões e situações numa relação desgastada, que nos consome, mas que insistimos em manter com a desculpa de estarmos a aprender. E o que sentimos não é aprendizagem porque já o conhecemos, é velho e mais do mesmo. O que sentimos é medo da rutura porque não queremos ficar sós, temos medo do desconhecido, sentimos culpa se tomarmos a iniciativa e magoarmos o outro, temos falta de coragem e hábito para nos escolhermos em primeiro lugar.
Por outro lado, porque podemos aprender com todas as outras relações que temos diariamente, inclusive pequenas e breves interações na rua ou nos locais públicos. Há sempre motivos e sujeitos para as mais variadas aprendizagens.
A sabedoria começa em nós
Estar consciente de quem somos e do que queremos para as nossas vidas é a primeira atitude saudável a ter nos relacionamentos, sejam eles de que tipo forem. Nem sempre estamos cem por cento seguros do que queremos e podemos mudar várias vezes ao longo do caminho, mas seguramente sabemos como, onde e com quem queremos estar agora. E podemos começar por fazer essa escolha consciente.
Respeitar o outro, respeitando-nos
Querermos estar com o outro nem sempre significa que o outro queira e/ou possa estar connosco. E, mesmo estando, nem sempre é sinónimo de harmonia, paz e entendimento. Mas, se ainda assim, nos sentimos atraídos por determinada pessoa ou situação é porque há algo a levarmos dali. E pode ser, “apenas”, a aprendizagem. Precisamos de nos respeitar primeiro (mesmo que consideremos que já não devíamos sentir isto ou estar neste ponto) e seguir o nosso coração. Se nos respeitamos, vamos respeitar o outro e o mesmo acontecerá do outro para connosco.
Espelho meu, espelho meu
Diz-me o que te irrita no outro e eu dir-te-ei o que tens para trabalhar em ti. Esta projeção nem sempre é evidente, direta e equivalente. Por exemplo, se o outro não me respeita porque chega sempre atrasado sem me avisar, não significa que eu também me atrase sempre quando tenho um compromisso. Mas pode significar que me estou a atrasar em algo da minha vida que é importante para mim. Ou que me estou a deixar à espera para qualquer coisa. Se o outro me maltrata verbalmente, não significa que eu chame nomes a mim própria, mas pode significar que me ando a maltratar de outra forma, por exemplo, não tendo autoestima, não me nutrindo bem, não me tendo em grande conta.
Olhar de fora para a situação
Sempre que nos for possível, em vez de respondermos e agirmos impulsivamente, devemos tentar colocar-nos como observadores de nós próprios e da situação. Se o conseguirmos fazer, à partida, iremos tomar consciência em que ponto de dor estamos a ser tocados e depressa percebemos que nada tem a ver com o outro. Esta tomada de consciência dá-nos a sabedoria para fazermos diferente na próxima oportunidade.
Em cada relação que agora tenhamos e que nos desafie, podemos perguntar: o que me magoa/irrita nesta situação? O que esta situação revela de mim? O que estou (ou não) a fazer comigo e com a minha vida que esta situação me está a alertar?
SOFIA FRAZOA TERAPEUTA www.caminhosdaalma.com [email protected] in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |