Por Pedro Melo
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Pergunta-se o/a leitor/a deste artigo: o que terá a criatividade e a inovação no contexto do trabalho a ver com a reconciliação?
Para o podermos compreender, teremos primeiro de entender o conceito de reconciliação. Reconciliar significa voltar a unir, tornar aceitável o que era contraditório ou promotor de desavença. Podemos afirmar que a reconciliação de uma pessoa no seu local de trabalho implica tornar-se aceitável pelo ambiente organizativo como alguém útil, promotor de confiança e desenvolvimento da empresa, quando na verdade poderia correr o risco de estar a promover inércia nos aspetos que se reconcilia. Reconciliar-se consigo e com os outros no local de trabalho é então sinónimo de constante demonstração de valor acrescentado para a empresa e para a sociedade. Terá então a demonstração de valor acrescentado para a empresa e para a sociedade relação com a inovação?
Inovar é consensualmente entendido pelos diferentes autores que estudam o mundo económico e empresarial, como o processo de tornar uma ideia criativa útil e comercializável (ou seja utilizável pela sociedade). Então torna-se aqui clara a sua relação com a reconciliação, pois para um profissional se sentir ligado a si mesmo, com um sentimento de autoeficácia, e com os outros, com um sentido de valor acrescentado, tem de constantemente criar ideias para sustentar a utilidade das suas funções. É através da inovação que um profissional põe a criatividade ao serviço de si e dos outros.
Inovar não implica necessariamente criar um produto ou um serviço novo (a este processo chamam os autores inovação tecnológica). Para esta função normalmente as empresas têm departamentos próprios. Mas cada profissional pode desenvolver a designada inovação de processo, ou seja, desenvolver ideias para otimizar as suas funções (ou em matéria de produtividade ou de rentabilidade – de tempo e/ou de custos). O profissional para promover uma contínua reconciliação com o seu sucesso, deve ser um ativista na promoção de uma melhor efetividade no desempenho das funções e dos serviços que oferece. Para tal, deve ser um constante analista e refletir continuamente sobre o seu trabalho. Deve estudar a opinião de especialistas sobre a sua área, promover a sua formação contínua para empoderar o seu processo criativo e manter uma comunicação eficaz com os seus colegas e com os órgãos de gestão, demonstrando motivação e sentido de oportunidade e pertença à organização empresarial que o contratou.
Assim, inovar com um sentido reconciliador, implica promover estratégias que disciplinem o profissional a desenvolver poder no seu domínio cognitivo (através da procura do conhecimento sobre as suas funções e a empresa onde as desenvolve), no domínio afetivo (compreendendo a importância e os fatores de motivação para o estimulo das suas atitudes inovadoras) e no domínio organizativo (procurando clarificar o seu papel na organização e as relações interpessoais adequadas à promoção do seu valor acrescentado).
Percebemos aqui a relação estreita entre a reconciliação e a inovação e a importância indissociável da procura do conhecimento e motivação para a promoção desta relação. Podemos afirmar assim que o caminho da reconciliação existe sempre um processo com cinco etapas:
- A análise da situação – O profissional deve fazer um autodiagnóstico sobre a sua situação atual: quais as suas funções, o que pode estar a tornar-se rotina e inércia, quais as suas potencialidades, de que formação precisa, que relação tem com a sua organização, desde o sentido de pertença às relações interpessoais.
- Priorizar as suas decisões- Deve depois de um cuidadoso diagnóstico, o profissional definir quais as suas dimensões carentes de melhoria pelas quais deve começar a inovar (quer porque tem recursos imediatamente disponíveis, quer porque é mais importante para a sua empresa que o faça).
- Definir estratégias – Como falar com os órgãos de gestão, que colegas poderão ser seus parceiros nestes processos de melhoria, como angariar fundos para fazer formação externa à empresa, como envolver a família nos seus processos de motivação para inovar no local de trabalho.
- Agir – Não adianta o profissional ser um criativo e entender o que precisa de fazer, se não o fizer. Não é com boa vontade que se reconcilia. É preciso persistência, ação e concretização. Se os três passos anteriores forem bem estabelecidos, a ação é quase espontânea (não esquecendo que a espontaneidade só se torna real quando a ação é parte da natureza da pessoa).
- Avaliar o concretizado – numa perspetiva de melhoria contínua, o profissional deve constantemente avaliar o que já fez e como pode melhorar o caminho feito e o ainda por fazer.
Concluo assim com a afirmação de que a inovação de processo é um tipo de inovação que promove a efetiva reconciliação do profissional consigo e com os outros, facilitando o seu caminho para o sucesso.
PROFESSOR NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA (ICS – PORTO)
ESCRITOR
www.facebook.com/escritorpedromello
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2016
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