Por Filipa Ribeiro
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O corpo fala através de sintomas, que começam muitas vezes como pequenas bandeiras vermelhas que assinalam desequilíbrios que precisam de atenção - como uma dor que aparece de vez em quando ou uma insónia ocasional. Mas são muitas vezes ignorados precisamente por não terem ainda grande expressão.
E apesar de haver casos em que efetivamente a dor desaparece sem precisar de tratamento ou em que a insónia estava apenas relacionada com uma preocupação pontual, também há outros em que são apenas o primeiro aviso do organismo, que se não for ouvido, vai começar a falar cada vez mais alto até lhe ser dada a devida atenção.
O que acontece ao procrastinar e esperar que passem só com o tempo, é que se dá margem aos sintomas para que se agravem, o que torna a recuperação mais trabalhosa, mais demorada ou até mesmo irreversível.
Usando uma tendinite como exemplo, a dor começa por ser relativamente fraca, esporádica e localizada, mas se não for tratada, com a continuação dos movimentos básicos, mas repetitivos do dia-a-dia vai-se tornando cada vez mais forte, frequente e vai apanhando uma área cada vez maior. Na tentativa de resolver o problema, muitas pessoas aplicam gelo e cremes anti-inflamatórios, mas esta solução nem sempre é suficiente e acaba por adiar mais uma vez o tratamento adequado. Só quando a dor já limita significativamente a qualidade de vida e interfere com a capacidade de trabalho é que se procura ajuda profissional. E aí a tendinite já chegou a um estado avançado em que requer mais tempo e mais sessões para a recuperação total.
Ao adiar o tratamento dos sintomas também se dá espaço para que os desequilíbrios afetem outras áreas, dando origem a novos problemas que aparentemente nada têm a ver com o original.
Isto porque o organismo não funciona como um conjunto de peças separadas, mas como um todo e, tal como numa fila de peças de dominó, quando uma peça cai todas as outras caem, a menos que se consiga interromper o processo.
E é precisamente isso que a medicina tradicional chinesa faz - interrompe a evolução do desequilíbrio que provoca a doença e trabalha para que o organismo volte a estar saudável e em harmonia (ou com todas as peças de dominó alinhadas novamente).
A procrastinação é muitas vezes vista como preguiça, mas mais do que um traço de personalidade, a medicina tradicional chinesa interpreta-a como um possível sinal de desequilíbrio.
O adiamento constante de tarefas pode estar relacionado com a falta de energia, de força de vontade ou de coragem, agitação, dificuldade de concentração, tristeza profunda ou mesmo depressão. E cada um destes sinais são indicativos de um ou mais padrões de desarmonia que precisam de ser tratados.
Para tal, é necessário um diagnóstico que ligue todos os sinais e sintomas com o objetivo de perceber quais são os desequilíbrios e definir o melhor plano de tratamento, de acordo com cada caso individual.
Ao mesmo tempo é fundamental parar e olhar para todas as tarefas e perceber se a procrastinação está relacionada com algo que possa ser alterado, delegado ou mesmo eliminado, como excesso de trabalho, demasiada disponibilidade para os outros (e consequente falta de tempo e disponibilidade mental para si mesmo) ou com um desinteresse genuíno por alguma coisa.
ESPECIALISTA EM MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
www.filiparibeiro.com
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2018
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