in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Estudar já não serve apenas para garantir um emprego melhor e uma maior remuneração. Cada vez mais se investe em formação enquanto forma de valorização não apenas profissional, mas também pessoal. O desejo de aprender, de crescer, de melhorar, de fazer mais e ir mais além é uma realidade presente.
Por vezes, no meio desta demanda, também são cometidos excessos, através dos quais a sociedade passa a valorizar excessivamente a vida profissional, deixando para segundo plano outros contextos onde se pode ir igualmente buscar realização e satisfação, como por exemplo a família, os amigos, entre outros. Mas neste campo, cada pessoa é livre para fazer escolhas e não há certos ou errados, mas sim, um modo de vida que traga bem-estar, equilíbrio emocional e em última instância, felicidade.
A certa altura, parece deixar de fazer sentido esta divisão entre vida pessoal e vida profissional, quando muito do que cada pessoa é, se relaciona fortemente com o que faz, com a atividade profissional. Por vezes, parece indissociável. Quando se consegue pôr naquilo que se faz, aquilo que se é, talvez possa até fazer sentido.
Neste caso talvez se pudesse até deixar de ter muralhas tão rígidas e se passasse a olhar para a vida profissional como uma parte integrada no “eu” e não como uma “vida à parte” altamente separada da vida pessoal. Talvez aí se pudesse deixar de pensar no “eu profissional” e “eu indivíduo”. Para tal, seria necessário que os contextos profissionais também o permitissem, mas muitas vezes, pelo contrário, reprimem-no. Ou, noutras vezes, a pessoa não se identifica com a função, o que dificulta o bem-estar profissional e, consequentemente pessoal, já que estão intimamente ligados.
Olhar para os contextos profissionais como uma forma de realização pessoal, como um local de aprendizagem e como um local de partilha, poderia diminuir níveis de insatisfação e aumentar até a produtividade.
Partilhar experiências, saberes, vivências, realizações, objetivos e conquistas poderá ser uma forma mais saudável de estar nos contextos profissionais.
Trabalhando em projetos de grupo, a evolução e crescimento só é possível quando as várias fases de desenvolvimento são partilhadas, passando pela troca de ideias, ao desempenho de funções e até mesmo aos resultados alcançados. Não conseguir partilhar sucessos faz com que esse mesmo sucesso perca importância. O poder da partilha é imenso e quando ocorre o potencial é aumentado.
E os projetos profissionais individuais? Não são partilhados? Mesmo individualmente, a partilha está inerente. De que serve o sucesso individual se o mesmo não puder ser partilhado com alguém? O ser humano alimenta-se da relação com os outros, logo, a partilha é inerente. Até ao alcançar do sucesso individual, houve momentos em que se partilhou conhecimentos, projetos, ideias, frustrações e vitórias.
A partilha parece ser uma chave mestra que faz os motores ligarem, avançarem, recuperarem nas derrotas e celebrarem nas vitórias. Parece estar presente em todas as fases e ser efetivamente um grande contributo para o sucesso profissional e, nesta ótica de vida profissional mesclada com vida pessoal, um contributo para a realização pessoal. Certamente que o ser humano é muito mais do que aquilo que faz, mas aquilo que faz ocupa uma grande parte do seu tempo, talvez até passe a maioria do seu tempo a trabalhar, por isso, este tem que ser gratificante e partilhado.
PSICÓLOGA E DIRETORA DO CENTRO CATARINA LUCAS
www.catarinalucas.pt
[email protected]
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