Por Ricardo Fonseca
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2012
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A paixão é ainda hoje base de muitos escritos pela complexidade que pode assumir derivada das experiências que vivenciámos quando estamos apaixonados. Tecem-se teses filosóficas sobre a sua comparação com o Amor e culpa-se a paixão pelas suas consequências nas nossas atitudes, pensamentos e sentimentos.
Hoje, ao escrever-vos sobre paixão, quero focar a importância que tem no nosso dia-a-dia ao servir de motor de arranque para sonhos, concretização de objetivos, conquistas e também pelo sofrimento que a mesma pode originar quando ultrapassa o limite do razoável.
A Vida oferece-nos diariamente uma vasta rede de situações pelas quais nos apaixonámos e nos envolvem num manto de sentimentos que se traduzem pelos comportamentos condicionados pela paixão. Podemos vivê-los consciente ou inconscientemente, com medo ou segurança, sermos os controladores ou os controlados. Depende de cada um de nós gerir a forma como lida com as suas paixões e impor os limites necessários para que não sejamos dominados por este grandioso sentimento.
Uma das formas de entendermos as nossas paixões e como as mesmas condicionam a nossa forma de estar é através do recurso da escrita! Escrever permite-nos integrar aquilo que sentimos na medida que adquirimos um olhar objetivo sobre a subjetividade do estar apaixonado por algo ou alguém.
Escrever sobre paixões, como assim? Se a paixão é um sentimento e não algo mensurável, como é em simultâneo passível de estudo ou entendimento?
Com o uso da escrita não vamos estar a estudar a paixão que sentimos, nem entender todas as experiências que a mesma nos oferece, mas conseguimos criar redes de entendimento sobre as relações estabelecidas com os outros sentimentos que vivenciamos.
Ora vejamos, ao colocarmos por palavras as nossas paixões estamos a dar uma hipótese ao nosso Ser para reavaliar o que deseja verdadeiramente e interpretar a sua importância para o nosso percurso.
Porque desejo tanto aquele objeto? Porque me sinto assim quando vejo aquela pessoa? Porque não consigo ter aquela pessoa, aquele objeto?
Muitos de nós já colocaram inúmeras vezes estas questões sem conseguirem dar uma resposta que fizesse sentido e acalmasse o nosso ser. Se escrevermos sobre o que sentimos quando vemos aquela pessoa que nos faz suspirar, aquele objeto que tanto queremos ter em nosso poder, vamos criando listas de prioridades, de razões sobre um sentimento tantas vezes irracional e causador de grande sofrimento.
E não sentimos alegria quando estamos apaixonados? Quais as paixões que nos fazem felizes?
Não sei se já pararam um pouco para refletir sobre estas questões e se é do vosso entendimento que há pequenas situações, momentos simples pelos quais nutrimos uma grande paixão e que ao contrário de outros não são causadores de tristeza e sofrimento.
A nossa paixão pela Vida, pelo simples facto de acordarmos todos os dias e podermos fazer com que cada momento conte, podermos fazer algo por alguém que amamos, podermos ir a locais que nos fazem sentir bem, é um facto que deve ser celebrado.
O simples facto de sonharmos e vivermos os nossos sonhos com paixão e entusiasmo é algo que muitas vezes nos passa ao lado e nem nos damos conta da importância que têm na construção da nossa identidade e da transformação que causa no nosso percurso.
Podemos colocar a nossa paixão em palavras, escrever sobre o nosso entusiasmo por situações, pessoas como se ao escrevermos transpuséssemos um pouco de realidade ao nosso sentir e pensar.
Num exercício de escrita, que agora vos sugiro, escrevam sobre algo pelo qual estão apaixonados. Escrevam sem qualquer receio, sem qualquer bloqueio racional e deixem fluir as palavras como correntes de emoções. Expressem como se sentem ao sentir paixão por aquela pessoa, aquele objeto, lugar e ao mesmo tempo sobre o que poderiam fazer para viver em pleno esse sentimento.
Ao mesmo tempo escrevam sobre o que vos impede de viver essa paixão em pleno, quais os medos, as dúvidas, os obstáculos e definam estratégias que possibilitem contornar essa barreira que vos limita.
Por fim escrevam também sobre uma paixão que estejam a viver em pleno neste momento e expressem os sentimentos, emoções que advêm desse sentir.
Que conclusões retiram deste exercício?
Será que é mesmo paixão ou uma mera atração momentânea? Valerá a pena o sofrimento que sentem por não usufruírem desse momento? Não sou feliz com a paixão que vivo atualmente?
Como podem constatar somos seres de paixões, de sonhos e ideais! São estes sentimentos que nos permitem Viver acreditando que a possibilidade de realização está ao nosso alcance desde que tomemos as rédeas da nossa Vida e sigamos passo a passo com o entendimento do que sentimos e como lidamos com esse sentir.
A Vida por si só é uma grande fonte de Paixão e pede que nos deixemos apaixonar pelo que nos oferece! As paixões que nos são oferecidas são testes de aprendizagem e crescimento e são as melhores ferramentas para reconstruirmos a nossa essência e transformarmos no nosso sentir!
E você sente-se apaixonado pela Vida? Sente-se apaixonado por Si?
Viva a paixão que nutre pelo Ser que é! Permita-se desenvolver a sua paixão e acima de tudo permita-se crescer ao entender que as paixões são parte integrante de cada um de nós e que a Vida deve ser vivida com paixão!
Enfermeiro / Escritor
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REVISTA PROGREDIR | JULHO 2012