Por António Sacavém
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2014
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Dos quatro padrões que mais negativamente impactam no casamento – a crítica, o desprezo, os comportamentos defensivos e a incomunicabilidade - a manifestação de Desprezo é o mais corrosivo de todos, aquele que tem o maior impacto negativo na relação conjugal. O Desprezo é um sentimento de superioridade relativamente ao outro e estabelece uma hierarquia na relação, é como se disséssemos: “eu sou melhor do que tu...”. Tendo em conta que mais de 60% da nossa comunicação é não-verbal, o Desprezo tende a manifestar-se através da nossa linguagem corporal através de várias formas. A expressão facial universal de Desprezo, que pode ser vista na face de qualquer ser humano independentemente da sua origem cultural, é caracterizada pela elevação de um dos cantos da boca. Outra forma de manifestarmos desprezo é quando rolamos os olhos e dizemos, por exemplo, “outra a vez essa conversa...”. Manifestar Desprezo significa injetarmos ácido sulfúrico no relacionamento, corrói simplesmente a relação. A investigação também demonstra, que a manifestação frequente do Desprezo enfraquece o sistema imunológico de quem é alvo deste comportamento e pode conduzir a estados de doença. Para um relacionamento ser feliz e duradouro, ambos os elementos do casal devem demonstrar 5 vezes mais emoções positivas do que negativas.
Uma forma ótima de manifestarmos o afeto positivo pelo outro, é expressarmos frequentemente um sorriso genuíno ou Duchenne, que tem o nome do cientista que o descobriu no séc. XIX. O sorriso genuíno é diferente do sorriso social, porque só surge na nossa face quando estamos realmente Felizes. Podemos ver o sorriso autêntico na face do nosso parceiro quando a boca está aberta “de orelha a orelha” e, sobretudo quando as bochechas se elevam, ficado mais “rechonchudas”, e as pálpebras se apertam, surgindo rugas nos cantos dos olhos, os designados “pés de galinha”. Por isso, é preciso sorrirmos mais e de forma mais genuína, para as pessoas que amamos! Não basta dizer: “eu amo-te!”, a Felicidade deve ser, também, demonstrada na nossa Face. Um relacionamento feliz acontece quando os parceiros conjugais se comportam como bons amigos e lidam com os problemas que vão surgindo de uma forma suave e positiva. A Linguagem Corporal tem um papel crucial neste processo. Casais felizes revelam uma linguagem corporal de aproximação e de sintonia.
Uma forma elementar e natural de estabelecermos sintonia é através da “mimetização” da linguagem corporal do outro. Este comportamento que é designado de “espelhagem” acontece quando o nosso corpo segue os movimentos do nosso parceiro, como uma dança fluida, e o vínculo emocional é estabelecido a partir de nível muito mais profundo. No estabelecimento do Rapport (afinidade), através da espelhagem corporal, é igual. Primeiro podemos ter a sensação de que os movimentos não surgem de forma natural mas, passado algum tempo, a espelhagem surge de forma fluida e espontânea. Como diz o povo, primeiro “estranha-se e depois entranha-se”. Experimente, e veja por si, o impacto positivo que este comportamento pode ter na sua relação. Se observar casais em movimento num centro comercial é provável que veja, alguns deles, a caminharem ao mesmo ritmo e com uma linguagem corporal idêntica. Isto é espelhagem. Podemos ver este comportamento, também, numa mãe que segura o filho nos seus braços. A cabeça do bebé tende a seguir, frequentemente, os movimentos da cabeça da mãe. A espelhagem corporal é um comportamento que tem tanto de visceral como de poderoso.
Outro comportamento que podemos utilizar para estabelecermos um vínculo afetivo positivo com o nosso parceiro, é a orientação do nosso corpo. Sempre que orientamos o nosso umbigo e os nossos pés na direção do nosso parceiro estamos a dizer-lhe “ eu estou aqui, estou presente e estou recetivo”. A maioria dos pontos vitais encontram-se na linha central do nosso corpo (testa, nariz, queixo, pescoço, peito, “boca do estômago” e órgãos vitais) e a parte do cérebro que gere as nossas emoções (sistema límbico) aprendeu como forma de sobrevivência, no decorrer da evolução da nossa espécie, a proteger especialmente estas zonas – nomeadamente o pescoço, dado que era o principal alvo de ataque dos nossos predadores quando vivíamos na selva. Quando expomos estas áreas ao nosso parceiro de relação, quando nos orientamos para ele, estamos a transmitir-lhe que somos vulneráveis e permeáveis à sua comunicação. Desta forma, estamos a contribuir para elevar a nossa relação íntima para o nível seguinte de Felicidade e Plenitude. Quando fazemos o contrário, estamos a dar indicação que não “estamos em jogo”, que estamos incomunicáveis e, como vimos anteriormente, a “incomunicabilidade” é um dos quatro padrões de comportamento, mais negativos para o bem-estar de um casamento.
Foto retirada do Google Images
A dilatação das pupilas é o principal indicador de que o nosso parceiro se sente atraído por nós. A investigação científica revela que quando nos sentimos atraídos por alguém as pupilas se dilatam. É como se disséssemos, eu gosto do que vejo, deixa-me ver melhor!
Ao mesmo tempo, despoletamos esse sentimento na outra pessoa porque, geralmente, sentimo-nos mais atraídos por pessoas que têm as pupilas dilatadas, como na figura b). As pupilas também se dilatam quando existe pouca luz, para conseguimos captar mais, daquilo que nos rodeia. Daí a importância do jantar à luz das velas porque, quando a luz é ténue, as pupilas dilatam-se e os dois ficam mais atraentes e mais disponíveis para manifestar os seus afetos.
Estarmos mais conscientes da nossa linguagem corporal permite-nos criar um enorme vínculo emocional e afetivo com o nosso parceiro de relação.
Por outro lado, quando aprendemos a descodificar os sinais não-verbais que o nosso parceiro transmite a todo o tempo, podemos evitar muitos conflitos e promover uma grande aproximação.
ESPECIALISTA EM LINGUAGEM CORPORAL
LICENSED TRAINING PARTENER
www.microexpressoes.pt
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in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2014
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