Por Sissi Franco
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Colocamos assim, as seguintes questões:
1. Por que razão as dietas mais famosas, com nomes mais cativantes, ou mesmo com designações pré-históricas não serão eficazes a longo prazo para a maioria da população?
2. Por que motivo os programas de emagrecimento que também abordam a componente motivacional terão dificuldade em promover a aderência à dieta após o final dos programas ou quando termina o acompanhamento?
3. O que conduz a que existam tantas pessoas insatisfeitas com a sua condição física e com o seu peso apesar das múltiplas ofertas em dietas?
Por que razão as dietas mais famosas, com nomes mais cativantes, ou mesmo com designações pré-históricas não serão eficazes a longo prazo para a maioria da população? Acreditamos que seja, em primeiro lugar porque a maioria das dietas são muito restritivas. Em regra, todas excluem do plano alimentar algum alimento ou nutriente (glúten, tomate, carne, ou refrigerantes…) ou restringem algum macronutriente (proteínas, lípidos ou hidratos de carbono). Numa fase inicial a motivação e os resultados rápidos favorecem a aderência à dieta e a restrição alimentar torna-se tolerável, pois o peso está a diminuir. No entanto, por razões óbvias, a restrição alimentar não é sustentada nem é possível ser mantida a longo prazo, pois muitas vezes estamos a dar ao nosso corpo menos energia do que ele necessita para funcionar. Estamos a tentar enganar o nosso corpo com menos calorias do que ele necessita para viver em pleno, na esperança de que ele gaste a energia que tem acumulada sobre a forma de gordura. A parte traiçoeira é que o corpo entra em modo de sobrevivência, diminuindo muitas vezes a taxa metabólica, gastando cada vez menos energia (resultando muitas vezes em estados de letargia, mau humor, e cansaço), reservando tudo o que aparece no estômago (a tendência para reservar energia sob a forma de gordura, que é aquilo que não se quer). Após uma fase inicial de motivação e adesão à restrição alimentar, o corpo entra muitas vezes numa fase de híper-compensação, onde os impulsos para consumir os alimentos que anteriormente se ingeria e em quantidades generosas, ultrapassam a força de vontade para seguir o plano alimentar.
Em segundo lugar, esses planos alimentares alteram muitas vezes a alimentação das pessoas de forma muito brusca, e pouco sustentada. Coma isto, não coma aquilo. Um hábito demora tempo a criar-se. Da mesma forma que levamos anos a habituar o nosso corpo ao pão com manteiga, ao leite de vaca e às carnes vermelhas, e levamos anos a aumentar o peso e a massa gorda, também não deveríamos querer nenhuma solução milagrosa que alterasse da noite para o dia os nossos hábitos tão enraizados, sob pena de nunca se tornarem hábitos mas apenas uma alteração de comportamentos pontual.
E porque motivo os programas de emagrecimento que também abordam a componente motivacional terão dificuldade em promover a aderência à dieta após o final dos programas ou quando termina o acompanhamento? Para se alterarem comportamentos alimentares desviantes é necessário motivação e que os programas que englobam essa componente serão certamente mais eficazes. No entanto, se não há alteração na forma de as pessoas olham a comida, e no espaço que esta ocupa em suas vidas, a motivação, como um pavio, arde e apaga-se.
O que conduz a que existam tantas pessoas insatisfeitas com a sua condição física e com o seu peso apesar das múltiplas ofertas em dietas? Essas dietas e correntes de pensamentos sobre alimentação não abordam o ser humano por inteiro, pois têm em conta apenas o corpo (e nós não somos só corpo), e dedicam a sua atenção aos efeitos que os alimentos e nutrientes têm, como se o nosso corpo se tratasse de uma máquina ou de um laboratório de absorção de nutrientes e como se todos os corpos fossem máquinas iguais. Não somos aparelhos processadores de alimentos, e não absorvemos nutrientes como se de combustível se tratasse. A própria nutrição clássica ainda se baseia na incompleta roda dos alimentos e na contagem de calorias, cedendo muitas vezes aos interesses superiores do marketing e das vendas, interesses esses que não são os melhores para a população em geral.
É certo que reina a dúvida e a confusão e que a população continua a engordar, com hábitos de vida que conduzem a doenças que se podiam prevenir, mas sempre em busca de satisfação pessoal. Pois qual seria então a solução para estas maleitas da sociedade atual? A origem do excesso de peso reside num desequilíbrio mente-corpo, no nosso interior e é aí que se deve procurar o problema e trabalhar a solução a longo prazo. Ou seja, nunca poderemos tratar apenas a componente corpo e esperar que o peso a mais desapareça e não mais volte, se ignoramos por completo a mente e todos os efeitos que ela tem sobre o nosso templo de vida! Um programa de emagrecimento holístico que trate o Ser por inteiro, nas vertentes nutrição, exercício físico, meditação e desenvolvimento pessoal, e que procure equilibrar a mente-corpo será certamente a melhor solução: a nutrição e o exercício físico são duas vertentes muito fáceis de entender pela sua importância; a meditação, pelos seus múltiplos benefícios no equilíbrio da relação mente-corpo; o desenvolvimento pessoal, pela importância de enriquecer cada Ser com conhecimentos, com confiança, autoestima, poder pessoal e motivação.
Nutricionista & Life Coach
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REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2013