Por Sofia Frazoa
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2012
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Mas como podemos libertar-nos de um passado que, em muitos casos, foi duro, traumático e com poucos momentos bons para recordar? Todos temos a capacidade de mergulhar no mais profundo de nós e fazer as pazes com o que ficou para trás, por mais difícil que tenha sido e ainda seja a nossa história. Agora, mais do que nunca, torna-se imprescindível trabalhar a Criança Interior e tratar das suas feridas. O feminino, na vida de cada homem e mulher, começou a ser moldado logo na infância: a maneira de vestir (com peças de roupa de diferentes cores e feitios), as brincadeiras, a forma de expressar as emoções, entre muitos outros condicionamentos. Se quisermos, de uma forma simplificada, uma menina nasceu e cresceu educada para as emoções e os afetos e um menino para a ação.
Claro que o indivíduo tem de sentir que pertence a uma “tribo”, a sua, e para isso segue modelos e imita comportamentos da “tribo” na qual se quer inserir. Se, por um lado, faz sentido que assim seja porque nascemos dependentes dos cuidados da nossa família, por outro lado, à medida que crescemos, vamos ter de aprender a relacionarmo-nos com os outros, a abandonar a nossa “tribo” e a encontrarmos o nosso próprio caminho. E é aqui que vão saltando à nossa frente as inseguranças, feridas, mágoas e angústias que ficaram por resolver no nosso passado. Os mimos que não nos deram, os pais que nos faltaram, o medo que tivemos do desamparo. E seguimos, muitas vezes sem ter consciência disso, a procurar nos outros aquilo que sempre quisemos ter dos nossos cuidadores. A grande desilusão é que, mais uma vez, não vamos conseguir tê-lo porque a resposta não está fora de nós. A grande esperança é que, ao mergulharmos dentro, vamos saber exatamente do que sentimos falta e como podemos colmatar esse vazio.
Neste momento, provavelmente, pergunta-se: “mas o que tem a Criança Interior a ver com o feminino?!” Tem tudo. Mais uma vez insisto que a compreensão e a cura do feminino abrangem homens e mulheres. A Criança Interior que habita em cada um de nós é sábia, sensível, intuitiva e sem preconceitos. O contacto com ela permite-nos aceder à nossa verdade e ao propósito das nossas vidas, longe dos condicionamentos sociais e da educação que nos foi dada. Ao acedermos a esse lado mais puro e sincero, atingimos um grau de profunda compreensão e respeito por nós e pelos outros. E deixamos de lado as supostas diferenças que separam homens e mulheres. Neste mês, que é também o da Criança, fica o convite para nos conectarmos com essa parte de nós que pode estar adormecida, mas que é fonte de esperança e alegria para momentos como este, de crise e profunda transformação.
Exercício com a Criança Interior
1 – Sente-se confortavelmente e coloque uma música que o/a inspire
2 – Pegue numa foto sua de infância e olhe essa criança, profundamente, nos olhos durante alguns minutos
3 – Pergunte à criança que tem à frente que feridas carrega e o que pode fazer por ela
4 – Dê-se tempo para libertar emoções
5 – Sinta a criança mais leve e dê-lhe um abraço, garantindo-lhe que, a partir de agora vai cuidar dela (pode fazê-lo em pensamento ou abraçando um objeto, como uma almofada)
Terapia Xamânica e Trabalho com o Feminino
Formadora em igualdade de Género
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REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2012