Por Ana Ruas de Melo
in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Começamos a questionar-nos sobre o nosso propósito quando procuramos saber o que estamos aqui a fazer, qual o nosso papel, o que nos guia e nos ilumina. No entanto, na azáfama da rotina, essas questões – tão importantes – podem ficar esquecidas.
Podemos ter um dia-a-dia preenchido, uma vida profissional de sonho aos olhos dos outros, uma relação aparentemente estável, uma boa casa e um ótimo salário. Podemos ser tudo aquilo que nos foi pedido para sermos. Mas, quando não vivemos o nosso propósito, sentimo-nos insatisfeitos, com a sensação de que nos falta alguma coisa.
Somos únicos e, por conseguinte, cada um de nós tem um propósito diferente. É por isso que o conceito de felicidade é individual e que aquilo que nos motiva a levantar da cama todos os dias difere de pessoa para pessoa. Por vezes não vivemos de acordo com o nosso propósito porque o desconhecemos. Vamos vivendo conforme nos ensinaram, sem questionar. Mas há momentos em que sentimos um enorme vazio. E não são raras as vezes em que o tentamos preencher, com outras coisas, com outras pessoas. Até com a comida. Porém, o vazio permanece, porque não fomos à raiz do problema. Não nos escutámos, não fomos capazes de estar connosco próprios, para descobrir aquilo que realmente nos move.
O nosso propósito (ou propósitos – que podem ir mudando ao longo da vida, como seres mutáveis que somos) reside em nós. É tudo aquilo que somos guiados a fazer, o que verdadeiramente nos ilumina. Quando não temos um propósito, não fazemos escolhas, deixamo-nos ir, por vezes em rebanho. Que mudanças podemos esperar em nós se estamos alheados da nossa essência? Como podemos alcançar seja o que for se não tivermos qualquer finalidade? Uma vida sem propósito é, também, colocarmo-nos no papel de vítimas e escolhermos não fazer uso do nosso poder.
Quando encontramos o nosso propósito e decidimos viver em consonância com isso, seguindo aquilo que verdadeiramente nos ilumina, a vida flui de uma forma diferente, temos estímulos e motivação porque sabemos o que queremos e, por conseguinte, fazemos escolhas. Isto não significa que todos os dias serão bons, que todos os dias nos sentiremos motivados. Mas quando essa motivação falhar, subsiste uma força que nos faz crer que estamos no caminho certo. Talvez precisemos apenas de parar, de refletir, mas estamos no caminho que escolhemos para nós mesmos.
Escolher não nos permitirá mais ir em rebanho e obrigar-nos-á a responsabilizar-nos das consequências naturais de qualquer decisão. Teremos de saber dizer “sim” ao que interessa e “não” ao que nada nos acrescenta ou até nos afasta do que realmente somos. Viver com propósito significa, por isso, estar disposto a ganhar e perder.
Encontrar o nosso propósito pode inclusivamente implicar deixarmo-nos de alimentar da forma como fazíamos até então. Mais uma vez, passamos a fazer escolhas. Já pensou quão maravilhoso é ter o poder de escolher o que come? Fazer uma escolha é aquilo que nos permite dizer “Eu não quero” ao invés de “Eu não posso”. E isso tem um impacto inegável a nível da alteração dos hábitos alimentares. Quando dizemos “Eu não quero” a decisão foi nossa, não foi algo imposto, com caráter proibitivo. Por ser a nossa escolha, estaremos em concordância com o que acreditamos e é isso que nos permitirá criar um hábito verdadeiramente enraizado. Paralelamente, estudos científicos têm demonstrado que pessoas mais satisfeitas tendem a ter hábitos mais saudáveis, como a prática de uma alimentação equilibrada e exercício físico, pilares inegáveis na prevenção e controlo de doenças. Não passamos a estar diariamente satisfeitos por vivermos de acordo com o nosso propósito, mas como podemos viver com satisfação se fizermos algo que nada tem a ver connosco?
Os alimentos são o nosso combustível – assim, se vivermos de acordo com o nosso propósito, será muito mais provável vivermos em harmonia, inclusivamente com a comida. Ela não servirá para colmatar falhas, mas para nos nutrir.
Viver com propósito é estarmos alinhados com a nossa essência e esse é o melhor presente que podemos dar a nós próprios. Só assim estaremos em equilíbrio com o nosso corpo, mente e espírito.
NUTRICIONISTA E NUTRICOACH (CÉDULA PROFISSIONAL 1824N)
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in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2019
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