Por Júlio Barroco
in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2013
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Cada uma das frases seguintes encerra um mito que iremos desafiar ao longo deste artigo.
Mito nº 1
“Ter um emprego é mais seguro do que ter uma empresa.”
Imagine que tem de fazer uma viagem de médio-longo curso, imaginemos Lisboa-Barcelona. Prefere ir de carro ou de avião?
Estima-se que o medo de andar de avião é bastante superior ao medo de andar de carro. No entanto, estatisticamente o risco de acidentes e a taxa de mortalidade é muito superior nas viagens de carro.
Intrinsecamente, e em termos gerais, não é mais ou menos segura uma forma ou outra de desempenhar atividades e obter rendimentos. Uma das falácias comuns que conduz ao tipo de raciocínio da frase passa por confundir previsibilidade (conhecimento das dinâmicas e rotinas inerentes a uma função) com segurança (satisfação da necessidade primordial de sobrevivência física, relacionada com a função cerebral reptiliana, “o que conheço não me pode fazer mal”).
Escolhas relevantes passam por identificar esta dinâmica interna de busca de segurança, que se manifesta de forma individual e específica, de forma consciente rumo aquilo que faz sentido para cada um de nós. Isso passa por decidir primeiro o que se faz e só depois a melhor forma de o fazer (num emprego fixo, criando uma empresa, etc.). Qual é o melhor veículo para o que nos propomos fazer? Decidimos os equipamentos de segurança à partida ou primeiro escolhemos o carro?
Mito nº 2
“Estou seguro/a, tenho um contrato efetivo.”
Seriam incontáveis os exemplos de pessoas com contratos de efetividade que perderam os seus empregos, no entanto este é outro dos mitos mais comuns. Mais uma vez assentes na forma e nos privilégios que pode trazer, muitas das vezes em comparação com outras formas classificadas como de precariedade, como os vínculos a termo e as prestações de serviços como trabalhador independente a uma só entidade.
A segurança, ou a sustentabilidade daquilo que fazemos e dos resultados que obtemos, é proporcional à capacidade materializada de ajudarmos os outros a obterem o que necessitam e/ou desejam satisfazendo-nos nesse processo, nas diversas áreas de atividade humana. Do simpático carteiro que para além da correspondência entrega simpatia e conexão, ao CEO que se preocupa genuinamente com os colaboradores e com os clientes, conciliando a busca dos lucros com humanidade, é essa entrega, nas suas múltiplas profissões e formas de qualidade, que gera reciprocidade, que conduz à retribuição sustentada.
Mito nº 3
“Não se deve arriscar em tempos de crise.”
Alguns dos maiores sucessos são conseguidos em tempos de crise, alturas de transformação em que inevitavelmente surgem novas necessidades, ou alterações daquelas já existentes, com as consequentes oportunidades para aqueles que estão atentos e têm algo a dar na sua satisfação.
A conhecida frase “há aqueles que choram e os que vendem lenços” sintetiza uma perspetiva de que muitas das melhores possibilidades são materializadas em tempos difíceis. As decisões que procuram deliberadamente melhorar as situações de partida, não apenas de quem as toma como da comunidade, em prol de um bem maior, ajudam a criar novos ciclos de expansão e progresso e iluminam o caminho não apenas daqueles que delas diretamente beneficiam como de toda a sociedade, através de inúmeros mecanismos de difusão desse bem-estar, desde a geração de riqueza que o impulsiona até ao exemplo positivo que inspira outros a fazerem o seu melhor.
Mito nº 4
“O risco é demasiado alto para o fazer [viver sem um emprego] - não sou capaz.”
É inevitável uma análise individual e específica das circunstâncias inerentes a cada um de nós.
Conhecermo-nos passa por termos consciência das nossas melhores qualidades, desejos, e também limitações, juntamente com o que preferíamos que não fizesse parte de nós e do nosso caminho, tanto a nível interno como externo.
Vivemos num novo mundo. Um mundo em que a capacidade de agir sobre a mudança, que sempre esteve presente, se torna cada vez mais evidente com o aumento da complexidade e dos desafios. As formas de participarmos na construção da nossa sociedade pelas ações de todos os dias, tendem a requerer formas cada vez mais criativas e simultaneamente integradas de desempenharmos as nossas atividades.
Colocarmos uma atenção deliberada em manifestarmo-nos de forma plena em contexto profissional, pode conhecer um novo fôlego em momentos difíceis, e não raras vezes, são esses mesmos momentos que trazem à tona o melhor que existe em cada um de nós. A individualidade inerente em cada um de nós pode escolher novos caminhos que antes estavam congelados. E quando menos esperamos surge uma nova primavera nas nossas vidas.
Coach, Consultor, Formador, Autor
“Sonhar sem Agir é como Amar sem Cuidar”
http://www.juliobarroco.com
[email protected]
https://www.facebook.com/pages/Júlio-Barroco-Dreamer-Changer/310682895641197
REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2013