in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2020
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Vimos de um paradigma, onde o controlo, a gestão acautelada (mas desastrosa) e as garantias excessivas, associadas ao financiamento de capitais, com vista ao investimento e à criação de riqueza, foram tornando progressivamente, esta área de vital importância para a economia, num instrumento de intolerância, ganância e de corrupção.
A transição para se recuperar as finanças e pô-las a par com a realidade desta década que vivemos, terá de propor um programa consistente de ginástica financeira, onde gradualmente irá ser recuperada a flexibilidade, maleabilidade e elasticidade, ou seja, o sorriso terno e afável, nas relações de trocas e de interajuda.
O dinheiro tornou-se comumente, no sujeito ativo que garante a subsistência dos indivíduos, ao invés de salvaguardar as interrelações saudáveis entre eles, garantindo desse modo o seu bem-estar e a paz social.
Tal como o amor garante relações de aproximação, de cuidado e afeto nos seres e nas comunidades, protegendo-os das intempéries, as finanças deveriam salvaguardar a justiça, a equidade e o desenvolvimento económico e social.
Na ginástica que propomos é suposto ser fortalecido o músculo financeiro de forma a garantir as necessidades básicas das populações de uma maneira natural.
Para tal, os governos e organismos sociais representantes do poder instituído terão de converter o modo erigido em novos modelos de redistribuição que possam assegurar a equidade a justiça social e a paz mundial.
Naturalmente que este percurso será o de um longo caminho de tentativas e erros, como temos assistido, até que a maturidade humana e das comunidades cedam às verdades que se encontram nos seus corações.
Esse percurso também será uma tomada de consciência, da inaceitável assimetria financeira e social e da redistribuição da riqueza desequilibrada.
Ao invés, da via digital e virtual ser o óbvio percurso das finanças, e de nesse caminho se perder a supremaciadas pessoas, como indivíduos críticos e autónomos, os sinais que se vêm manifestando, nos últimos anos, apontam que ao dinheiro ser e aproxime da economia real em paridade com as necessidades das pessoas e de sociedades mais humanizadas. Poder-se-à verificar tais situações na utilização crescente de moedas locais, comunidades de consumo local e de proximidade, responsáveis, orçamentos participativos e uma panóplia de novos formatos de financiamento dentro de princípios éticos e amigos da sustentabilidade ambiental, cultural e social.
Tem se verificado, também, a flexibilização dos processos e modelos administrativos, em simultâneo com a crescente imposição de regulação e controlo dos mercados financeiros e de capitais. Podendo ser assim assegurado pelas políticas internacionais que a liberalização monetária, na base das últimas crises financeiras que vivemos, não possa, irresponsavelmente, destruir a vida de milhões de pessoas e famílias, ao conduzi-las para o sobre-endividamento e falência, na maioria das vezes, apenas por meros caprichos pessoais ou ganância desenfreada de muito poucos.
Habitualmente o termo de ginástica financeira está associado aos malabarismos que as populações modernas acreditam fazer para gerir os seus salários no período mensal em que lutam desenfreadamente pela sobrevivência e por esticar ao máximo os parcos recursos que acreditam ter acesso.
Na verdade, somos induzidos subconscientemente, pelo marketing e pelos modelos económicos ainda instituídos (mas obsoletos), ao consumo, apenas pelo consumo, de modo compulsivo, irresponsável e inconsciente. São fatores de ordem essencialmente emocional, ligados aos instintos e necessidades básicas, mas que, na verdade não satisfazem quaisquer necessidades, acabando por induzir ao descontentamento profundo, aumentando por sua vez as carências de consumo para uma satisfação que, na verdade se torna insaciável, e que em grande parte dos casos conduz à baixa autoestima, impotência e inevitavelmente à doença (depressão).
Estamos na atualidade a viver um renascimento de valores de base no sentido da vida e da vida em comunidade.
A consciencialização crescente da necessidade de renascidos valores de base, nas sociedades, associados à educação, à família, à alimentação, à habitação, às relações de proximidade com pares e instituições, entre tantas outras, vem permitindo abordar o tema do dinheiro e das conexões financeiras com um novo olhar. É uma visão que é atenta e procura salvaguardar as questões ambientais, culturais, sociais e humanas, baseado na ética e na realidade de cada um, aproximando veementemente os mundos espirituais, emocionais e materiais, numa mesma linha condutora.
Assim, tudo indica que a nova era está presente no nosso dia a dia, faltando (praticamente) apenas, tomarmos essa consciência e vivenciar de modo intenso e luminoso a nova realidade da abundância, partilha e equidade.
Precisamos ser céleres na reconversão do nosso modo de estar e ver, para não se perder a fascinante viagem desse doce e fraterno mundo que nos aguarda, onde a flexibilidade financeira será uma realidade cândida e amável, acessível a todos.
CONSULTOR EM BIOECONOMIA, FINANÇAS E INOVAÇÃO
www.empowertolive.pt
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“Empreendedorismo e Inovação”
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2020
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