
in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2014
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Vamos supor que todos os sistemas do corpo têm, para além das funções facilmente reconhecidas, a responsabilidades pelas nossas emoções. E vamos supor que essas emoções podem de igual modo influenciá-los, coexistindo entre ambos um ciclo contínuo e recíproco.
Vamos supor tudo isto, pois talvez depois cheguemos à conclusão que não se trata apenas de uma suposição, porque tudo o que sentimos também conta para a soma de quem somos.
O corpo respira, alimenta-se e reproduz.
E nós inspiramos, expiramos, nutrimos e reproduzimos aquilo em que acreditamos.
Qual será então o sistema que nos pode auxiliar a “fabricar” a alegria?
Existirá essa hipótese, a de alimentarmos e reproduzirmos um estilo de vida que nutra este sentimento?
Que órgãos poderão estar envolvidos? E de que forma os podemos ajudar e estimular para promovermos este sentimento?
Na lancha das possibilidades navegam mil hipóteses.
Na medicina tradicional chinesa, alegria atribui-se ao coração e a tristeza aos pulmões. Por isso podemos pensar que o sistema respiratório e o cardiovascular são os mensageiros deste tipo de sentimentos.
Qualquer um de nós sabe (porque já sentiu) que em momentos de alegria o coração bate mais rápido e nós sentimo-nos mais vivos. Não se trata de um batimento apressado nem fora do ritmo, é algo que gostamos de sentir porque nos recorda a grande alegria que é estar vivo.
Quando a tristeza nos invade, o coração também pode descompensar para libertar a chuva em que se transforma o olhar. Mas nestas circunstâncias há muitas diferenças entre os batimentos do coração, que usa o ritmo para nos dar a conhecer o seu estado. Todos nós já experimentámos a grande diferença entre as lágrimas de alegria e as que brotam da tristeza.
Se a alegria é “produzida” no coração, o mesmo que distribui o sangue carregado de nutrientes para alimentar as nossas células, então é fácil perceber que a ausência da mesma pode influenciar as suas funções.
Há um ditado que diz: “Muito riso pouco ciso”.
Mas podíamos inventar um que dissesse: “Nenhum riso, excesso de juízo”.
As faltas e os excessos são igualmente prejudicais.
Quando duvidamos com frequência e nos focamos nas piores hipóteses, geramos ansiedade e preocupação. Estes sentimentos alteram o ritmo do coração que, tal como numa sinfonia, tem diferentes batimentos. Sem nos apercebermos de que somos maestros no “concerto” que representa a harmonia entre todos os sistemas, alteramos, com estes comportamentos, o nosso equilíbrio físico e emocional.
Quem está frequentemente triste, foca a sua atenção nas causas que originam o seu sentimento e por isso perde inúmeras possibilidades que podem existir em seu redor.
Quando enchemos os pulmões de ar, enchemos o corpo de oxigénio e ao mesmo tempo de muitas hipóteses de alegria. Quando respiramos de forma consciente colocamo-nos no patamar das certezas.
Respirar profundamente devolve-nos ao presente. Ajuda-nos a retomar o ritmo do coração e promove a nossa concentração. Ao dilatar o peito enchemo-nos de muitas hipóteses. Enche o peito de ar e experimenta como é possível sentires a alegria a penetrar.
Ria-se, principalmente de si, pois quando vemos em nós a graça a vida torna-se mais simples.
Cuide do seu coração e dos seus pulmões para que tudo possa fluir e ir ao encontro da alegria que nos alimenta e nos protege de muitas desilusões.
O coração bate enquanto nos debatemos. Os pulmões recebem enquanto nos recebemos.
Os órgãos também têm a sua “psicologia” e nós podemos ser nossos psicólogos, comparticipando ativamente no seu equilíbrio, quer através da alimentação, quer através daquilo que escolhemos para nutrir a nossa vida.
Coração: maestro da alegria.
Pulmão: mestre da fé.
Quando temos fé, confiança, a certeza inabalável de que tudo terá uma solução e que nós a encontraremos, o coração fica alegre, porque por maiores que sejam as dificuldades ele sabe que nós queremos viver para as solucionar. Tudo o que sentimos, o nosso corpo sente.
O corpo precisa da nossa mestria para o conduzir e nós precisamos de saber escutar a sua música para alterar qualquer ritmo menos harmonioso.
Há uma letra de um poema feito canção que diz: “Quando a gente ama, a gente cuida”.
Ama-se e cuida-se. Isso será um motivo de grande alegria para o seu corpo.
in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2014
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