in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2024
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Que a confiança seja a própria Realidade incrédula é o que teme todo o agente moral, e não é a Realidade pura imoralidade, sonoridade de Ciência despreocupada onde o incrédulo exige o Espírito, olvidando, quiçá, que este é imoral, que este é como Realidade onde o Subtil se divide infinitamente no trágico discurso das moralidades tomísticas? Espírito e matéria são a própria dualidade constante onde a transição remitificadora convida à isenção, ao Nada do falso desistente, ser Deus, ser livre, é, precisamente, avocar a indiferença, submetendo o mundo ao Nada, desistindo, talvez, de denunciar este Nada como coisa escolhida, sujeição ao destino, a condenação fenoménica é uma busca pelo “Eu”, e este cessa a relação na confiança ao mundo, persignando o “Ser” na durabilidade tenaz em que os fantasmas se perdoam e extinguem o tempo. Vejamos como “ir andando” é, tal-qualmente, Ser, na dúvida perpétua, perfeita, onde a confiança se entrega ao centro puro em que a Lei se esgrime e se transcende.
Confiar e duvidar são exatamente a mesma coisa, como Sujeito e Objeto, Luz e trevas, avançar é reatualizar a memória, reconstruir o passado, redesenhar o Princípio a partir do que o mesmo condena. Se duvidas, se te dói, é porque compensas e te abstrais, lutas por ti, pela tua razão primária, em suma, pela tua morte perpétua, mas cuidai que voltas sempre, para que possas reconstituir-te enquanto Vida, na antecipação da dualidade, bipolaridade condoída que pluraliza as vivências, os sonhos, os intentos do Sono, Causa final onde tudo vale “per se”, mas isto é a intrínseca indiferença, a impassibilidade, que, não obstante, desconfia plenamente do Humano, da sua capacidade “terapêutica”, do seu fado, não é isto “Estrutura” também?, face à qual duvidamos com o peso do mundo, da “práxis”, do materialismo de absurdidades. Confia que todos os caminhos nos engrandecem, e que o Logos opressivo só se fará curar pelo Amor, onde aquele se rende à evidência da Unidade imprevisível, amoral, de Leis que se transcolam, perdurando num paralelismo de linhas que a Cognição redesenha com afã de circularidade.
E se o Amor nos extingue no Sono, para isso basta o ato de amar, a paixão de morrer, só nesta se visa o desinteresse moral, categórico, capaz de nos remir face à Divindade, não há como confiar sem a presunção do Divino, sem que o coloquemos no fundo de tudo, matando todos os incentivos, móbiles, línguas, reinventando o Som de um Universo de paz perpétua, onde a dúvida se confia ao mistério insondável.
Não esqueçamos, no entanto, que o Universo possui sua resposta contingente, ele nos dá com que amar e com que possamos evitar perder-nos, ele configura a cura dos placebos, e inunda tudo de concórdia, basta que saibamos ouvi-lo, e a dúvida metódica é confiar que há algo para ouvir e em que acreditar, algo sem o qual seríamos ruína e caos. Absurdamente livre seria inventar o Universo, seria, quiçá, uma dor de cabeça, ou de crescimento, em que passaríamos a deter um deus pessoal pelo qual nos faríamos portar, consagrando as vivências animalísticas. Oxalá pudéssemos ir reinventando-nos também para que o mundo se fizesse passar por nós.
TERAPEUTA E ESCRITOR
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