Por Ricardo Fonseca
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2013
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É uma doença mental caraterizada por uma tristeza marcada ou prolongada, perda de interesse pelas atividades habituais e agradáveis e associada à perda do sentido da vida e diminuição drástica da autoestima.
Lourival JR escreveu um dia “ A depressão, nada mais é, que um grito da alma, alertando que o seu progresso natural está atrasado.”.
Seguindo a ideia deste pensamento, sabe-se que a depressão surge após experiências ou situações negativas que moldam os sentimentos de cada indivíduo de uma forma única e individual. Cada Ser Humano tem a sua maneira muito própria de enfrentar os obstáculos que surgem no decorrer da sua vida e associado a alguns fatores físicos, genéticos, hereditários a depressão pode instalar-se de uma forma aguda e desenvolver-se em pouco tempo para uma depressão crónica, limitadora e tornando-se a principal causa do aumento das taxas de suicídio.
Existem uma quantidade de comportamentos, ideias e sentimentos depressivos que por si só não são fatores que levem ao diagnóstico de depressão, mas se não forem controlados podem desenvolver uma depressão crónica pelo seu desenvolvimento ao longo do tempo e pela incapacidade do ser humano identificar o que sente, as causas desse sentir.
As manifestações da depressão variam de indivíduo para individuo e geralmente são: as alterações de apetite (para mais ou menos apetite), perturbações de sono; fadiga, cansaço e perda de energia; alterações de concentração; irritabilidade; sentimentos de culpa, inutilidade; diminuição da autoestima; manifestações físicas como enjoos, dores musculares, entre outras.
Há diferentes abordagens para o tratamento da depressão como os medicamentos antidepressivos muitas vezes associados a outros grupos terapêuticos e em associação ou isoladamente a psicoterapia dentro das suas diversas vertentes e sempre adequada ao estádio depressivo do indivíduo.
O passo fulcral para o tratamento da depressão é a aceitação do indivíduo do seu estado de saúde e o assumir que de fato, mais do que precisar, quer mudar a sua forma de estar, sentir e quer evoluir positivamente saindo do quadro de tristeza e angústia em que se encontra aquando o diagnóstico. É esta aceitação que vai moldar todo o acompanhamento médico, profissional e humano.
Tudo começa em cada um de nós! A negatividade relacionada com a depressão direciona-se sempre para situações muito concretas da nossa vida e sempre envolvidas num misto de emoções e sentimentos. Faz nos questionar sobre quem somos, porque gostam os outros de nós, porque somos reconhecidos por quem nos rodeia quando só somos capazes de identificar um estado de inutilidade e de fraqueza.
São estas questões que nos conduzem a uma reflexão sobre a nossa existência, o nosso sentir e permitem um mergulho até ao nosso interior, realçando que esta viagem intensa deve ser muitas vezes acompanhada por um profissional para que se tenha um apoio imparcial nas alturas de maior confronto emocional.
Não temos que percorrer este caminho sozinhos, embora todo o processo de cura esteja em nós, no olhar ao espelho e verificar que há muito mais além do que é visível e somos muito maiores do que a pequenez que a depressão nos atribui.
Não existem regras que moldem este processo, mas é urgente assumir o que sentimos genuinamente e não dependentes da aceitação daqueles com quem nos relacionamos. Torna-se primordial participar ativamente na nossa redescoberta e avaliar os passos dados e as marcas que foram deixadas ao longo da caminhada e ao mesmo tempo permitir sonhar, libertar a nossa mente e dar-lhe asas para criar novas ideias, novas sensações.
Quando enveredamos pelo tratamento da depressão, em simultâneo temos que criar o nosso próprio processo de cura, criar estratégias individuais e que nos façam sentido além daquelas que são, em parte, impostas por um plano terapêutico. Se nos permitirmos apenas a ser guiados, não iremos readquirir a nossa vontade própria e essa é a chave de todo este processo.
Se neste momento há um sentimento de tristeza a apoderar-se do seu ser, caro leitor, pergunte-se sobre o que sente, qual a razão desse sentimento, como poderá adaptar-se a essa nova condição de vida que lhe causou esse desconforto. Se a resposta não surgir, ou for insatisfatória, não se acomode e refute esses pensamentos recriando novos ideais de vida e torne-se lutador.
A depressão apesar ser um grande problema de saúde pública e uma doença mental em crescimento, pode ser também e apenas um estádio passageiro e compete a cada um de nós ser um obstáculo ao seu desenvolvimento para algo mais profundo e totalmente castrador.
Os novos começos, para qualquer indivíduo e em qualquer momento podem, muitas vezes, acarretar alguma dor, alguma tristeza e incapacidade de luta e adaptação, porém são importantes para o nosso crescimento e desenvolvimento como seres humanos.
A depressão é um motor de novos começos, pois quando é encarada como um obstáculo a ultrapassar e quando é aceite o desafio de a confrontar, permite a cada indivíduo conhecer-se profunda e genuinamente e assim recriar a sua vida, colorindo-a com uma nova palete de cores.
“Cada dia em que acordamos é um novo começo, uma nova oportunidade. Saboreie esse dia, sinta-lhe o gosto da liberdade. Inspire profundamente o ar da manhã, deguste a fragância da oportunidade. A vida é a matéria-prima. Nós somos os artesãos.” Cathy Better
Enfermeiro / Escritor
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REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2013