Por Ricardo Peixe
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2013
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Na famosa fábula da "Cigarra e da Formiga", Jean de La Fontaine apresenta-nos duas personagens antagónicas. Por um lado, a cigarra fanfarrona e divertida, que passa o verão a cantar e a dançar, entretendo o resto dos animais. Por outro lado, a formiga trabalhadora e sofredora, que até gostava de se divertir mas é forçada a amealhar para poder comer durante o inverno.
Se bem se recordam, a cigarra trocista goza com a responsável formiga, não fazendo caso dos avisos da mesma e depois indo humildemente pedir algo para sobreviver.
A questão falaciosa desta fábula é que faz crer que só existem estas duas formas de encarar o trabalho e tal não é verdade...
O facto de desde criança recebermos esta mensagem, que só podemos escolher uma destas hipóteses, ajuda a inconscientemente condicionar um pouco a ideia que o trabalho deve ser sério, custoso e chato e que a diversão e a cantoria só resultam em prazer no curto prazo e muita fome e dor no longo prazo.
Se aliarmos isto ao facto de muitos de cerca de 70% dos adultos não gostarem muito do que fazem e conscientemente ou não passarem essa mensagem aos filhos, resulta em muitas pessoas que nem sequer concebem que podem fazer algo apaixonante e por isso, nem sequer alguma vez pensaram nisso nesses termos.
Está na nossa natureza amar o nosso emprego e que é possível ganharmos a vida a fazer algo que nos apaixone.
Falando sobre a temática da empregabilidade e da carreira é importante trazer esta questão para o consciente dos leitores e incitar algumas dinâmicas que nos podem ajudar a descobrir qual a nossa vocação.
Como podem imaginar, existe uma imensidão de exercícios e testes para nos ajudar a descobrir o que mais gostamos, as nossas competências transferíveis ou áreas que gostamos.
Sem entrar em pormenores sobre esses exercícios, a nossa paixão, poderá estar na confluência de 3 factores:
- Prazer. O que gosto de fazer, que atividades me dão tanto prazer que me esqueço do tempo, o que me põe um sorriso nos lábios quando penso em executar?
- Aprendizagem. Quais os assuntos que procuro saber mais sem ser obrigado, quais os temas que me interessam ao ponto de ver programas, livros e artigos?
- Relevância. Que momentos ou ações realizo e tem um significado especial, o que é que eu sinto que tem um impacto diferente quando atinjo, o que é que alegra o meu coração quando penso em fazer.
Imagine um trabalho onde tem muitas tarefas que adora fazer, é sobre um ou vários tópicos que adora aprender e no final do dia tem a sensação de realização a um nível mais profundo... Parece algo em que iria gostar de trabalhar?
Naturalmente alguns de nós conseguem responder a estas perguntas muito facilmente e outros tem mais dificuldades.
Caso não consiga encontrar as respostas que procura, pode ser uma boa hipótese começar a procurar experiências e ambientes diferentes daqueles onde tem passado tempo, pois há um mundo fantástico à sua espera.
Iniciar este processo pode implicar entrar num caminho de abertura de consciência que não poderá mais ser revertida e que pode implicar a tomada de decisões difíceis. Muitas pessoas descobrem que o curso que acabaram de fazer não é o que querem, que a carreira dos últimos anos não é o que as preenche e isso implica fazer escolhas complexas. Será que existem registos de alguém que no seu leito de morte tenha dito “gostava de ter passado mais tempo no trabalho que não gostava”? ou o mais comum será ouvir-se muitos dizerem “adorava ter arriscado” ou “queria ter feito algo com mais significado para mim”.
Lembre-se que está na sua natureza adorar o seu trabalho, encontrar um propósito de vida, sentir verdadeira realização e ser profundamente feliz.
Coach Alta Performance, Trainer & Career Specialist
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REVISTA PROGREDIR | JULHO 2013