in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Primeiramente, importa começar a olhar para o dinheiro como energia e parte de um ciclo infinito e circular de dar e receber. Não podemos fugir ao facto de sermos parte integrante de um ecossistema onde um dos veículos de troca que suporta o nosso estar nesse mesmo ecossistema é o dinheiro. Então encaremos esta moeda como isso mesmo. Um veículo de troca que nos permite vivenciar determinadas experiências. Um dos meios de expressão do que somos e que nos permite experienciar o que os outros são. Nesta perspetiva, interessa explorarmos a origem da nossa relação com o dinheiro, colocando-nos algumas perguntas:
- Qual era a relação da minha mãe e do meu pai com o dinheiro?
- Quais as crenças que existiam no meio seio familiar relativamente à forma de obter o dinheiro?
- Como era visto o equilíbrio entre a vida familiar e profissional?
- De que forma e onde era utilizado o dinheiro?
Depois, seria interessante olharmos para a nossa própria situação atual e responder às seguintes questões:
- O que dou de mim para receber o meu dinheiro?
- Porquê o faço?
- Estou feliz, de uma forma geral, com essa troca?
- Quais os aspetos positivos e menos positivos dessa troca? Quais se sobrepõem?
- Sinto que é justo o que recebo? Monetária e emocionalmente?
- De que forma e com que responsabilidade dou uso ao meu dinheiro? (“porque, onde e a quem escolho comprar”)
São tudo questões que nos podem ajudar a perceber a forma como olhamos, interpretamos e estamos ou não abertas ao dinheiro que chega a nós e que reflete (também) o valor que damos ao nosso tempo, e a abundância que temos ou teremos na nossa vida. A todos os níveis. Porque o dinheiro é só mais uma das energias que compõem o Todo.
Porque é que dou importância ao olhar para este lugar originário? Porque acreditando que o dinheiro é energia, partilhada e trocada com os outros, é muito diferente quando o obtemos de um lugar sereno e amoroso ou de um lugar pouco prazeroso. O dinheiro, quando olhado e vivido com consciência, traz harmonia e equidade. Quanto mais dou de forma alinhada e dedicada, mais valorizo não só o meu tempo e a minha verdade, como o dinheiro que recebo em troca. Quanto mais me respeito no conteúdo e forma do que dou, mas respeito o outro e a sua escolha de me retribuir.
Importa então escolhermos e aceitarmos com consciência aquilo que fazemos, e percebermos essa escolha como um gesto de amorosidade para connosco, que nos trará um impacto positivo no que respeita a autoestima e amor próprio.
Principalmente, quando existe uma pressão quase constante no fazer, na produção, na competitividade. Parece que quanto mais fazemos, mais somos. Quanto mais fazemos, mais recebemos, mais poder temos. Quanto mais fazemos, mais somos reconhecidas(os), mais fazemos parte. Quando há desequilíbrio entre o fazer e o ser, despertamos uma das crenças limitantes há muito enraizadas na nossa cultura do espírito de sacrifício ligado ao nosso trabalho. Sentimos uma necessidade e um prazer desmedido em mostrar aos outros a quantidade de horas que trabalhamos, porque isso mostra que somos dedicados, válidos, incrivelmente participativos da economia do país. Depois, em jeito de compensação, temos um padrão de consumo pouco consciente onde nos convencemos que precisamos de coisas para sermos felizes.
Tendencialmente colocamos a origem dessa pressão no outro, seja individuo ou coletivo. Quase como se não tivéssemos escapatória possível. É assim que funciona e, portanto, vamo-nos adaptando ao ritmo, à exigência, ao que é suposto. Com isto, não nos apercebemos que estamos a entregar o nosso poder pessoal ao outro, esquecendo-nos que a escolha primordial está em nós. Reforço então a minha proposta de começarmos a trazer essa responsabilidade para dentro, com consciência e com carinho.
Trazer a responsabilidade da escolha para nós é solo fértil para o sucesso, que se traduzirá em empoderamento, abundância e alegria nas relações, no sentido de propósito e de pertença e na riqueza do que somos e do que temos, fazendo.
O fazer e o ter são o oposto, mas também o complemento do sentir e do ser. E o tempo, esse mestre, serve para ser gasto e não para nos gastar. É como o dinheiro, no fundo. Uma troca infinita que nos deveria acrescentar e não reduzir. Uma troca que nos deveria ensinar sobre a vontade e a concretização e também sobre a contemplação e a partilha.
Então escolhamos sempre pelo equilíbrio, com respeito por nós e pelos outros, aceitando as dualidades inerentes a esta dança do dar e do receber. Porque um dia a música acaba, a pista encerra, e ao sair da sala percebemos... de que me serviu apenas ter, se não fui?
CONSTELADORA DOULA NA PRÉ-CONCEPÇÃO CONSCIENTE, GRAVIDEZ E PARTO (EM FORMAÇÃO)
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