Reaprender a Amar
A conceção de um Ser Humano é algo miraculoso e, no entanto, este período, é muitas vezes vivido de forma pouco consciente e a um ritmo acelerado. Tal como Chopra, acredito que o sofrimento, as doenças e a depressão que nos rodeiam constituem fortes declarações de um desequilíbrio entre corpo e espírito e que este começa muitas vezes no início da vida.
Em muitas culturas os bebés andam em contato constante com as suas mães, desde o nascimento. Nas sociedades industrializadas a maioria dos bebés nasce nos hospitais e, devido aos procedimentos rotineiros, os bebés são separados das suas mães à nascença. Estes simples procedimentos, a que nós chamamos de triviais, podem causar lacunas na relação mãe-bebé e marcas na relação connosco próprios, já em adultos. É importante incentivar o seu contato prematuro e prolongado.
O bebé humano nasce prematuramente em relação aos restantes mamíferos. São nove meses de gestação intrauterina e mais nove extrauterina. Quando perfaz nove meses de idade tem um desenvolvimento semelhante ao de outros mamíferos poucos dias depois do nascimento. Desta forma, durante os nove meses de vida extrauterina, as necessidades básicas dos bebés são em grande parte semelhantes àquelas que eram satisfeitas dentro da barriga da sua mãe:
- Comunicação permanente, através do olhar, palavras, colo, movimento, calor.
- Contato constante.
- Alimentação contínua.
A comunicação, o contato e a alimentação são formas de amor. Porquê recusá-las? Porquê negar alimento ao bebé dizendo que já comeu o suficiente? Existe excesso de amor?
A Natureza prepara a mãe e o seu bebé desde o momento da conceção. É importante respeitar a cascata de hormonas naturais que o corpo liberta e que ajudam a mulher e o seu bebé a percorrer esta nova jornada de forma tranquila, sábia e inatas. A oxitocina estimula os sentimentos maternais instintivos e quanto mais contacto pele-com-pele existir, pós-parto, maior será a quantidade libertada. As mães que pegam nos seus bebés pele-com-pele estão mais predispostas, por exemplo, a continuar com a amamentação e menos disponíveis a dar leite artificial. De igual forma, esta é a melhor maneira de o bebé se adaptar à vida extrauterina. Os recém-nascidos colocados em contacto pele-com-pele com a mãe, choram menos e mantêm-se mais quentes que os recém-nascidos colocados em berços. O contato pele-com-pele facilita a respiração do bebé (este abraça a cadência da respiração da mãe), providencia ao bebé a oportunidade de se expor às bactérias normais existentes na pele da sua mãe, e diminui o risco do bebé ficar doente devido a bactérias prejudiciais.
Dentro do útero de sua mãe o bebé estava num ambiente aquecido e pequeno, despido, sentindo na sua pele todo o meio envolvente, em permanente movimento, a ouvir constantemente a voz da sua mãe e os sons que a envolvem. O bebé que não está em contato pele-com-pele sente-se desprotegido, sozinho, rejeitado, num vácuo. O bebé sozinho num berço sente-se perdido, num espaço sem fronteiras.
É necessário usar o conhecimento intuitivo, e não o racional e industrializado, para nos aproximarmos do universo do bebé. Este conhecimento é muito desvalorizado socialmente. Existem conceções erróneas que pressupõem que o bebé que permanece em contato corporal com a mãe fica mal habituado. No entanto, o que acontece quando as mães se guiam baseadas nos concelhos dos outros e receitas pré-determinadas e deixam de ouvir o seu instinto, é que o seu bebé crescerá reivindicando aquilo que não obteve.
O contato permanente com a mãe é sinónimo de uma relação de amor. Não há intervalos no amor. É imprescindível descobrirmos o seu significado. O amor é inato desde que nascemos, está tatuado nas nossas células e o nosso corpo é regido por ele. Basta confiarmos no que ele nos diz naturalmente. Ele alimenta não só o corpo mas também a alma e na sua ausência, ou presença de um falso amor, ocorre o desequilíbrio que dá origem a indivíduos feridos e a um planeta agredido. Uma criança não amada, quando adulta, pedirá amor em todos os lugares e ficará sempre insatisfeita. É importante termos consciência da importância que a nossa relação com as nossas crianças tem para sarar o mundo. Já em adultos, é importante cicatrizar estas feridas. Entrar em contato com a nossa criança interior, acolhermos e aprendermos a amar incondicionalmente estes meninos e meninas dentro de nós, para dar a possibilidade de crescermos em consciência, ingressar no mundo adulto e tomar as rédeas da nossa vida. É imprescindível conectarmo-nos com a nossa criança que faz birra e teima em reclamar por ligações tóxicas. É importante reaprendermos a amar. Como Gutman refere, imaginemos uma mãe loba ensinando seus filhos a serem amáveis na presença de um predador. Os lobinhos correm o risco de morrer se cometerem o pecado da ingenuidade. É importante confiarmos na nossa intuição. O que é aprendido recomenda, sobretudo, que sejamos amáveis, e isto induz-nos a não ouvir o nosso instinto. Esta desconexão com as profundidades da alma gera submissão. E a submissão emocional leva a perigos reais, como a falta de cuidado em relação a nós mesmos. A carência de amor, e a ignorância da sua fonte genuína, na infância, induz à sua procura em lugares onde ele é inexistente. A nossa carência interior, o nosso sentimento de rejeição mais profundo, atrai precisamente o nosso espelho.
É importante estarmos dispostos a olhar as partes escuras, feridas e temidas do nosso Eu. Esta tarefa pertence à mulher e homem adultos. Não consegue realizá-la a menina e o menino que vive em nós, assustados para conhecer o mundo interno, desamparados e sozinhos.
O mundo precisa de amor e este começa dentro de nós.
Em muitas culturas os bebés andam em contato constante com as suas mães, desde o nascimento. Nas sociedades industrializadas a maioria dos bebés nasce nos hospitais e, devido aos procedimentos rotineiros, os bebés são separados das suas mães à nascença. Estes simples procedimentos, a que nós chamamos de triviais, podem causar lacunas na relação mãe-bebé e marcas na relação connosco próprios, já em adultos. É importante incentivar o seu contato prematuro e prolongado.
O bebé humano nasce prematuramente em relação aos restantes mamíferos. São nove meses de gestação intrauterina e mais nove extrauterina. Quando perfaz nove meses de idade tem um desenvolvimento semelhante ao de outros mamíferos poucos dias depois do nascimento. Desta forma, durante os nove meses de vida extrauterina, as necessidades básicas dos bebés são em grande parte semelhantes àquelas que eram satisfeitas dentro da barriga da sua mãe:
- Comunicação permanente, através do olhar, palavras, colo, movimento, calor.
- Contato constante.
- Alimentação contínua.
A comunicação, o contato e a alimentação são formas de amor. Porquê recusá-las? Porquê negar alimento ao bebé dizendo que já comeu o suficiente? Existe excesso de amor?
A Natureza prepara a mãe e o seu bebé desde o momento da conceção. É importante respeitar a cascata de hormonas naturais que o corpo liberta e que ajudam a mulher e o seu bebé a percorrer esta nova jornada de forma tranquila, sábia e inatas. A oxitocina estimula os sentimentos maternais instintivos e quanto mais contacto pele-com-pele existir, pós-parto, maior será a quantidade libertada. As mães que pegam nos seus bebés pele-com-pele estão mais predispostas, por exemplo, a continuar com a amamentação e menos disponíveis a dar leite artificial. De igual forma, esta é a melhor maneira de o bebé se adaptar à vida extrauterina. Os recém-nascidos colocados em contacto pele-com-pele com a mãe, choram menos e mantêm-se mais quentes que os recém-nascidos colocados em berços. O contato pele-com-pele facilita a respiração do bebé (este abraça a cadência da respiração da mãe), providencia ao bebé a oportunidade de se expor às bactérias normais existentes na pele da sua mãe, e diminui o risco do bebé ficar doente devido a bactérias prejudiciais.
Dentro do útero de sua mãe o bebé estava num ambiente aquecido e pequeno, despido, sentindo na sua pele todo o meio envolvente, em permanente movimento, a ouvir constantemente a voz da sua mãe e os sons que a envolvem. O bebé que não está em contato pele-com-pele sente-se desprotegido, sozinho, rejeitado, num vácuo. O bebé sozinho num berço sente-se perdido, num espaço sem fronteiras.
É necessário usar o conhecimento intuitivo, e não o racional e industrializado, para nos aproximarmos do universo do bebé. Este conhecimento é muito desvalorizado socialmente. Existem conceções erróneas que pressupõem que o bebé que permanece em contato corporal com a mãe fica mal habituado. No entanto, o que acontece quando as mães se guiam baseadas nos concelhos dos outros e receitas pré-determinadas e deixam de ouvir o seu instinto, é que o seu bebé crescerá reivindicando aquilo que não obteve.
O contato permanente com a mãe é sinónimo de uma relação de amor. Não há intervalos no amor. É imprescindível descobrirmos o seu significado. O amor é inato desde que nascemos, está tatuado nas nossas células e o nosso corpo é regido por ele. Basta confiarmos no que ele nos diz naturalmente. Ele alimenta não só o corpo mas também a alma e na sua ausência, ou presença de um falso amor, ocorre o desequilíbrio que dá origem a indivíduos feridos e a um planeta agredido. Uma criança não amada, quando adulta, pedirá amor em todos os lugares e ficará sempre insatisfeita. É importante termos consciência da importância que a nossa relação com as nossas crianças tem para sarar o mundo. Já em adultos, é importante cicatrizar estas feridas. Entrar em contato com a nossa criança interior, acolhermos e aprendermos a amar incondicionalmente estes meninos e meninas dentro de nós, para dar a possibilidade de crescermos em consciência, ingressar no mundo adulto e tomar as rédeas da nossa vida. É imprescindível conectarmo-nos com a nossa criança que faz birra e teima em reclamar por ligações tóxicas. É importante reaprendermos a amar. Como Gutman refere, imaginemos uma mãe loba ensinando seus filhos a serem amáveis na presença de um predador. Os lobinhos correm o risco de morrer se cometerem o pecado da ingenuidade. É importante confiarmos na nossa intuição. O que é aprendido recomenda, sobretudo, que sejamos amáveis, e isto induz-nos a não ouvir o nosso instinto. Esta desconexão com as profundidades da alma gera submissão. E a submissão emocional leva a perigos reais, como a falta de cuidado em relação a nós mesmos. A carência de amor, e a ignorância da sua fonte genuína, na infância, induz à sua procura em lugares onde ele é inexistente. A nossa carência interior, o nosso sentimento de rejeição mais profundo, atrai precisamente o nosso espelho.
É importante estarmos dispostos a olhar as partes escuras, feridas e temidas do nosso Eu. Esta tarefa pertence à mulher e homem adultos. Não consegue realizá-la a menina e o menino que vive em nós, assustados para conhecer o mundo interno, desamparados e sozinhos.
O mundo precisa de amor e este começa dentro de nós.
ANA INFANTE
ENFERMEIRA DE CUIDADOS PALIATIVOS, DOULA, TERAPEUTA DE REFLEXOLOGIA E MASSAGEM DE CONSCIÊNCIA CORPORAL E EMOCIONAL [email protected] |