Doulas do final da vida
O que são? O que fazem? Porque são importantes?
A morte, nos dias de hoje, é negada e escondida. É considerada pela sociedade um fracasso da prestação de cuidados. A doula fornece apoio emocional, físico, espiritual, informativo para aqueles que aceitam e abraçam o morrer como um período da vida, não apenas um final abrupto.
A palavra Doula vem do grego e significa "mulher que serve". Há alguns anos atrás, o início e o fim da vida eram acompanhados, em casa, pelas mulheres. É um conceito já muito difundido na área do acompanhamento da grávida (pré, parto e pós parto). No fim da vida já se começa a desenvolver em alguns países mas em Portugal ainda não se houve falar.
A morte, nos dias de hoje, é negada e escondida. Mas a sua essência é a própria vida. Afastar a morte, afasta-nos da vida e de nós.
Falar sobre a morte é reconhecer-nos como fazendo parte integrante dos ciclos da natureza.
Falar sobre a morte é falar sobre a vida e como queremos viver. Talvez seja mais fácil não pensar sobre a nossa vida e mudar aquilo que não nos faz felizes. A mudança nunca é fácil. Queremos agarrar a permanência mas, como um ditado zen diz, é o mesmo que tentarmos segurar a água por entre os dedos. Quanto mais firmemente apertamos mais rapidamente ela escorrerá.
Falar da morte é falar sobre qualidade de vida, sobre escolhas. É falar sobre a nossa família, amigos, sobre as pessoas que amamos. É fazer as pazes. É escrever a história das nossas vidas como nós queremos que ela seja e não ficarmos dependentes das escolhas de outros.
O crescente aumento das doenças crónicas, de evolução prolongada, que conduzem à morte, associado ao aumento da esperança média de vida, devido ao desenvolvimento da medicina, ocasiona divergências de conceitos e ideias. De igual forma, a negação e dessocialização da morte pela sociedade induz a que se esconda a mesma e se invista na obstinação diagnostica e terapêutica, sendo que cuidados baseados em princípios contrários, como os Cuidados Paliativos, são considerados os "parentes pobres" da medicina. A morte é considerada pela sociedade um fracasso da prestação de cuidados. Existem muitos profissionais de saúde com conceções erradas sobre os Cuidados Paliativos e com muita dificuldade em aceitar a sua mortalidade e a dos outros, interferindo com a boa prática na prestação dos cuidados. O modelo da medicina curativa e centrada no ataque à doença não se coaduna com as necessidades das pessoas com doenças crónicas e prognóstico de vida limitado. A “não cura” é encarada por muitos profissionais como uma derrota, uma frustração, uma área de não investimento. A população em geral, também, tem muita dificuldade em aceitar a sua mortalidade, dos familiares próximos e amigos, por isso tem medo em falar sobre o assunto.
É importante também referir que conceitos como eutanásia e morte assistida são em muito divergentes mas referidos por muitos como sinónimos, induzindo a sociedade a erros de julgamento e tomada de decisões.
Não existe em Portugal uma política de educação para a saúde que informe e empodere a população para que tome decisões conscientes e menos baseadas no paternalismo.
A filosofia dos Cuidados Paliativos tem vindo progressivamente a ser desenvolvida, sendo hoje perspetivada pela Comunidade Europeia como um direito humano. No entanto, deparamo-nos com grandes desigualdades na acessibilidade a estes cuidados, entre os diferentes países, bem como de região para região. A referenciação precoce dos doentes significa um melhor controlo sintomático, psico-social e espiritual e logo melhor Qualidade de Vida.
A doula do final da vida é alguém que conhece e compreende a fisiologia do processo do final da vida e morte (existem sinais e sintomas que acontecem nesta altura e outros que não devem acontecer. É importante ter alguém que compreenda e saiba a diferença), que respeita e assegura as necessidades básicas da pessoa que está nesta etapa da vida e, acima de tudo, respeita as opções desta e da sua família / amigos, apoiando nas decisões informadas e conscientes.
O papel de Doula no Fim da Vida é acompanhar a pessoa que está a morrer, e os seus entes queridos / amigos, durante os últimos anos, meses, semanas e dias de vida. A doula fornece apoio emocional, físico, espiritual, educativo e informativo para aqueles que aceitam e abraçam o morrer como um período da vida, não apenas um final abrupto.
É um período da vida que traz desafios e alegrias, tristezas e oportunidades. A doula do final da vida apoia tanto a pessoa que está a morrer quanto a sua família e amigos, para ajudá-la a viver esta etapa da vida ao máximo.
A doula, pode e deve trabalhar com os profissionais de saúde, e ajuda:
Cada pessoa é única, cada família é diferente. A doula adapta o seu trabalho às necessidade de cada um de forma confidencial, respeitosa e não julgadora.
O que a doula não faz:
Não prestam cuidados médicos mas ajuda a esclarecer conceitos.
Quando se tem uma doula há:
Ao dispor, Doula Ana Catarina Infante
A palavra Doula vem do grego e significa "mulher que serve". Há alguns anos atrás, o início e o fim da vida eram acompanhados, em casa, pelas mulheres. É um conceito já muito difundido na área do acompanhamento da grávida (pré, parto e pós parto). No fim da vida já se começa a desenvolver em alguns países mas em Portugal ainda não se houve falar.
A morte, nos dias de hoje, é negada e escondida. Mas a sua essência é a própria vida. Afastar a morte, afasta-nos da vida e de nós.
Falar sobre a morte é reconhecer-nos como fazendo parte integrante dos ciclos da natureza.
Falar sobre a morte é falar sobre a vida e como queremos viver. Talvez seja mais fácil não pensar sobre a nossa vida e mudar aquilo que não nos faz felizes. A mudança nunca é fácil. Queremos agarrar a permanência mas, como um ditado zen diz, é o mesmo que tentarmos segurar a água por entre os dedos. Quanto mais firmemente apertamos mais rapidamente ela escorrerá.
Falar da morte é falar sobre qualidade de vida, sobre escolhas. É falar sobre a nossa família, amigos, sobre as pessoas que amamos. É fazer as pazes. É escrever a história das nossas vidas como nós queremos que ela seja e não ficarmos dependentes das escolhas de outros.
O crescente aumento das doenças crónicas, de evolução prolongada, que conduzem à morte, associado ao aumento da esperança média de vida, devido ao desenvolvimento da medicina, ocasiona divergências de conceitos e ideias. De igual forma, a negação e dessocialização da morte pela sociedade induz a que se esconda a mesma e se invista na obstinação diagnostica e terapêutica, sendo que cuidados baseados em princípios contrários, como os Cuidados Paliativos, são considerados os "parentes pobres" da medicina. A morte é considerada pela sociedade um fracasso da prestação de cuidados. Existem muitos profissionais de saúde com conceções erradas sobre os Cuidados Paliativos e com muita dificuldade em aceitar a sua mortalidade e a dos outros, interferindo com a boa prática na prestação dos cuidados. O modelo da medicina curativa e centrada no ataque à doença não se coaduna com as necessidades das pessoas com doenças crónicas e prognóstico de vida limitado. A “não cura” é encarada por muitos profissionais como uma derrota, uma frustração, uma área de não investimento. A população em geral, também, tem muita dificuldade em aceitar a sua mortalidade, dos familiares próximos e amigos, por isso tem medo em falar sobre o assunto.
É importante também referir que conceitos como eutanásia e morte assistida são em muito divergentes mas referidos por muitos como sinónimos, induzindo a sociedade a erros de julgamento e tomada de decisões.
Não existe em Portugal uma política de educação para a saúde que informe e empodere a população para que tome decisões conscientes e menos baseadas no paternalismo.
A filosofia dos Cuidados Paliativos tem vindo progressivamente a ser desenvolvida, sendo hoje perspetivada pela Comunidade Europeia como um direito humano. No entanto, deparamo-nos com grandes desigualdades na acessibilidade a estes cuidados, entre os diferentes países, bem como de região para região. A referenciação precoce dos doentes significa um melhor controlo sintomático, psico-social e espiritual e logo melhor Qualidade de Vida.
A doula do final da vida é alguém que conhece e compreende a fisiologia do processo do final da vida e morte (existem sinais e sintomas que acontecem nesta altura e outros que não devem acontecer. É importante ter alguém que compreenda e saiba a diferença), que respeita e assegura as necessidades básicas da pessoa que está nesta etapa da vida e, acima de tudo, respeita as opções desta e da sua família / amigos, apoiando nas decisões informadas e conscientes.
O papel de Doula no Fim da Vida é acompanhar a pessoa que está a morrer, e os seus entes queridos / amigos, durante os últimos anos, meses, semanas e dias de vida. A doula fornece apoio emocional, físico, espiritual, educativo e informativo para aqueles que aceitam e abraçam o morrer como um período da vida, não apenas um final abrupto.
É um período da vida que traz desafios e alegrias, tristezas e oportunidades. A doula do final da vida apoia tanto a pessoa que está a morrer quanto a sua família e amigos, para ajudá-la a viver esta etapa da vida ao máximo.
A doula, pode e deve trabalhar com os profissionais de saúde, e ajuda:
- Facilitar o planeamento no final da vida
- Ajuda na realização do testamento vital
- Mediação para que os desejos da pessoa que está de partida sejam honrados
- Ajuda na aceitação / pacificação do processo de morrer / dar significado à vida e à morte
- Mediação de conflitos (pessoais e familiares)
- Ajuda na concretização de projetos / sonhos
- Medidas de conforto (ajuda a tornar o ambiente mais tranquilo e acolhedor, realização de técnicas de relaxamento, massagem, reflexologia, aromoterapia, musicoterapia, etc…)
- Suporte emocional
- Revisão de vida e suporte em projetos legados
- Educação, informação, clarificação de conceitos
- Apoio logístico e domiciliário
- Cuidados pós morte
- Ajuda na realização de rituais / meditações (antes, durante e após a morte)
- Ajuda na realização do funeral
Cada pessoa é única, cada família é diferente. A doula adapta o seu trabalho às necessidade de cada um de forma confidencial, respeitosa e não julgadora.
O que a doula não faz:
Não prestam cuidados médicos mas ajuda a esclarecer conceitos.
Quando se tem uma doula há:
- Uma partida mais tranquila
- Organização em vida de projetos / sonhos
- Luto não patológico de quem fica
- Aceitação da morte como parte da vida
- Mais alegria na Vida
Ao dispor, Doula Ana Catarina Infante
ANA INFANTE MULHER, ENFERMEIRA DE CUIDADOS PALIATIVOS, DOULA, TERAPEUTA DE REFLEXOLOGIA [email protected] |